Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/12/2012
Calor e vida
Cartões de memória, pendrives e discos de estado sólido são muito práticos e rápidos, mas têm seus inconvenientes.
O principal deles é uma vida útil apenas razoável - cerca de 10.000 ciclos de leitura e escrita.
Mas isto está prestes a mudar.
Pesquisadores da empresa Macronix, de Taiwan, descobriram que basta submeter as memórias flash a um pulso de calor muito rápido para que sua vida útil dê um salto.
Rumo à eternidade
Aquecendo rapidamente as memórias a 800ºC, Hang-Ting Lue e seus colegas elevaram a durabilidade das memórias flash para 100 milhões de ciclos de leitura e escrita, quatro ordens de grandeza a mais.
E essa marca nem mesmo representa o limite final.
"Nós não sabemos o que poderá eventualmente fazer o dispositivo falhar, uma vez que nós ainda não detectamos qualquer sinal de fim da vida útil," disse Lue durante a apresentação da descoberta na reunião anual do IEEE (Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos, na sigla em inglês).
Os testes para elevar a marca para 1 bilhão de ciclos levarão alguns meses para serem concluídos, segundo o pesquisador.
Memórias de mudança de fase
O calor já foi usado antes para reviver memórias flash danificadas, mas deixá-las por horas no forno a 250ºC está longe de ser uma solução prática.
Os pesquisadores taiwaneses fizeram diferente: eles modificaram ligeiramente as células das memórias flash para que elas se pareçam um pouco mais com as memórias PCM, ou memórias de mudança de fase, uma tecnologia vista como uma substituta mais eficiente das memórias flash.
A própria Macronix já desenvolveu um protótipo de memória PCM 500 vezes mais rápida do que as memória flash - essas memória já respondem pela sigla PRAM (phase change random access memory).
Memórias com autocicatrização
A estrutura modificada gera pulsos de calor de até 800ºC, com duração de alguns milissegundos, diretamente nas células de memória.
Os pulsos de calor recompõem o sistema de isolamento que permite a manutenção dos dados gravados em cada bit.
É a perda desse isolamento que faz com que as memórias deixem de funcionar depois de algumas dezenas de milhares de ciclos de gravação e leitura.
Com esse mecanismo de autocicatrização, os engenheiros ainda não sabem precisar qual será o tempo de vida esperado das células de memória - só adiantam que será muito longo.