Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/03/2021
ULTRARAM
Engenheiros da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, anunciaram um progresso importante para trazer para o mercado um novo tipo de memória para computadores.
Batizada de ULTRARAM, trata-se de um novo tipo de memória universal que, ao contrário das tradicionais memórias de acesso aleatório (RAM e DRAM), não perde os dados na ausência de energia.
Atualmente, os dois tipos principais de memória - RAM dinâmica (DRAM) e Flash - têm características e funções complementares.
A DRAM é rápida, por isso é usada como memória de trabalho nos computadores; mas ela é volátil, o que significa que as informações são perdidas quando a energia é desligada. Na verdade, a DRAM tem uma memória bem curta, e precisa ser continuamente regravada - a cada poucos nanossegundos - para manter seus dados.
A memória Flash, por sua vez, não é volátil, mas é muito lenta e se desgasta. Hoje ela é adequada para armazenamento de dados de longo prazo, mas não serve como memória de trabalho.
Como um meio-termo, tem havido um grande esforço em busca de uma "memória universal", uma memória onde os dados são armazenados de forma robusta, mas também podem ser facilmente alterados - um objetivo largamente perseguido, mas inalcançável até agora.
Tunelamento ressonante
A equipe acredita poder resolver o paradoxo da memória universal explorando um efeito mecânico quântico chamado tunelamento ressonante, que permite que uma barreira mude de opaca para transparente aplicando uma pequena tensão elétrica.
O primeiro protótipo de uma memória universal explorando esse efeito foi apresentado pela equipe em 2019.
Agora, os pesquisadores integraram células da memória para criar conjuntos de 4 bits, o que permitiu aferir experimentalmente a nova arquitetura da forma que ela deverá operar em eventuais futuros chips de memória. Com os bons resultados, a equipe batizou a tecnologia de ULTRARAM - o nome não é uma sigla e nem se refere a eventuais vantagens de desempenho, sendo apenas uma marca comercial registrada pela universidade.
A equipe também otimizou o projeto da memória para tirar o máximo proveito da física do tunelamento ressonante, fabricando componentes que são 2.000 vezes mais rápidos do que os primeiros protótipos e com uma resistência ao ciclo de programar/apagar que é cerca de 10 vezes melhor do que as memórias Flash. É um bom resultado, mas que mostra que ainda há um bom caminho a ser percorrido até que a memória universal possa competir com as atuais DRAM.