Com informações do ESO - 02/09/2017
Outras estrelas
Astrônomos usaram o telescópio VLT do ESO, no Chile, para construir a imagem mais detalhada já feita de uma estrela que não o Sol - a supergigante vermelha Antares.
Os astrônomos criaram também o primeiro mapa de velocidades do material na atmosfera da estrela, revelando turbulência inesperada na enorme atmosfera extensa de Antares.
A olho nu, a famosa estrela Antares brilha em um tom vermelho forte, no coração da constelação do Escorpião. Trata-se de uma estrela supergigante vermelha relativamente fria nos estágios finais da sua vida, a caminho de se tornar uma supernova.
Estrelas gigantes
Estrelas enormes, como Antares, com massas entre 9 e 40 massas solares, acabam transformando-se em uma supergigante vermelha, quando a sua se atmosfera expande, tornando-se extensa e luminosa, mas com uma densidade baixa.
A estrela Antares tem atualmente uma massa de 12 vezes a massa do Sol e um diâmetro cerca de 700 vezes maior do que o do Sol. Acredita-se que começou a sua vida com uma massa de mais de 15 massas solares e que terá já liberado o equivalente a 3 massas solares de material ao longo da sua vida.
"Como é que estrelas como Antares perdem massa tão depressa na fase final da sua evolução é um dos problemas com que nos deparamos há mais de meio século," explicou o astrônomo Keiichi Ohnaka. "O VLTI [interferômetro do VLT] é a única infraestrutura que nos permite medir diretamente os movimentos do gás na atmosfera extensa de Antares - um passo crucial na resolução deste problema. O desafio seguinte consiste em identificar o fenômeno que dá origem aos movimentos turbulentos observados."
Processo desconhecido
Usando os novos resultados, a equipe criou o primeiro mapa em duas dimensões da velocidade do material na atmosfera da estrela. Para isso, eles utilizaram o VLTI com três telescópios auxiliares e um instrumento chamado AMBER para fazer imagens da superfície de Antares num pequeno intervalo de comprimentos de onda infravermelhos.
Esses dados serviram para calcular a diferença entre a velocidade do gás atmosférico em posições diferentes na estrela e a velocidade média de toda a estrela, o que deu origem a um mapa da velocidade relativa do gás atmosférico ao longo de todo o disco de Antares.
Os astrônomos descobriram gás turbulento de baixa densidade muito mais longe da estrela do que o previsto e concluíram que este movimento não deve resultar da convecção, ou seja, de deslocamentos de grande escala da matéria, responsáveis pela transferência de energia do núcleo até a atmosfera exterior de muitas estrelas. Eles concluíram que um novo processo, atualmente desconhecido, pode ser necessário para explicar estes movimentos nas atmosferas extensas de supergigantes vermelhas como Antares.