Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/08/2015
Antiexplosão
Que nosso mundo existe, é algo que dispensa demonstrações.
Mas, se a teoria central da física estivesse correta - ou completa -, ele não deveria existir.
Isto porque o modelo do Big Bang, o momento da criação do nosso Universo, estabelece que matéria e antimatéria foram criadas na mesma proporção.
Assim, o "bum" do Big Bang deveria ter sido seguido de um "mub" - um bum ao contrário, no qual a matéria e a antimatéria se aniquilariam, e nada mais existiria.
Como o modelo é muito bom e já permitiu muitos avanços do conhecimento, os físicos vêm contorcendo as dobras cerebrais há décadas em busca de uma explicação para essa assimetria entre matéria e antimatéria - afinal, onde teria ido parar a antimatéria se ela realmente tivesse sido criada na Grande Explosão?
O peso da antimatéria
Infelizmente, mais duas tentativas de encontrar respostas - e de desafiar o modelo padrão da física - chegaram a um beco sem saída.
Pesquisadores alemães e japoneses do projeto BASE (Baryon Antibaryon Symmetry Experiment) compararam um próton e um antipróton com a maior precisão já obtida até hoje - e não encontraram diferenças entre eles.
Usando uma "garrafa de antimatéria" de 20 centímetros de comprimento, conhecida como armadilha de Penning, eles compararam um único próton de hidrogênio com um antipróton e descobriram que eles têm uma relação carga/massa idêntica até 11 casas decimais.
A relação carga/massa é uma propriedade importante das partículas porque duas partículas que apresentem o mesmo valor irão se mover na mesma rota no vácuo quando sujeitas ao mesmo campo elétrico ou magnético, indicando o que poderia ter ocorrido após a criação das partículas de matéria e antimatéria.
Ao mesmo tempo, físicos do experimento ALICE, do LHC, mediram o peso dos núcleos de deutério e antideutério, e de hélio-3 e anti-hélio-3, e também não conseguiram registrar nenhuma diferença de massa entre eles.
Embora sem a mesma precisão e elegância do experimento BASE, a medição do LHC poderia eventualmente revelar alguma diferença sutil gerada pela união entre as partículas, já que o deutério tem um nêutron adicional em relação ao hidrogênio, e o hélio-3 tem dois prótons mais um nêutron - mas essa diferença não apareceu, pelo menos até onde a precisão do experimento consegue detectar.
Comparar o magnetismo
Se houvessem indicado alguma diferença, os experimentos estariam apontando um "buraco" no modelo padrão da física - que diz que não deve haver diferença entre matéria e antimatéria -, um buraco a partir do qual os pesquisadores poderiam começar a escarafunchar em busca de uma "nova física", que pudesse ter melhor poder explicativo do que as teorias atuais.
Como não encontraram nada comparando o peso da matéria e da antimatéria, os físicos agora pretendem encontrar diferenças comparando os momentos magnéticos das partículas e das antipartículas.