Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/06/2016
Máquina de café no laboratório
Para felicidade dos químicos, Sergio Armenta, da Universidade de Valência, na Espanha, demonstrou que as máquinas de café expresso devem se tornar instrumentos obrigatórios nos laboratórios científicos.
Mas não é exatamente o que se poderia esperar: em vez de suprir o gosto por cafeína dos químicos, a máquina de café expresso deverá se tornar um instrumento de pesquisa.
Armenta descobriu que essas máquinas permitem realizar experimentos químicos complexos de forma muito mais rápida e a um custo desprezível em relação aos instrumentos tradicionalmente utilizados.
Um desses experimentos envolve avaliar a presença de compostos químicos danosos para o ambiente, conhecidos como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), uma classe de compostos orgânicos cancerígenos produzidos pela combustão incompleta de materiais em incêndios florestais, fábricas e incineradores de resíduos, entre outros.
Análise expressa
Para determinar os níveis de HAPs em solos e sedimentos, é necessário extrair os compostos de uma amostra, algo que pode levar até 16 horas e requer grandes quantidades de solventes igualmente nada amigáveis ao meio ambiente. Técnicas mais recentes usam menos solventes, mas exigem altas temperaturas e equipamentos de laboratório mais caros.
Armenta trocou o pó de café pela amostra, colocando-a na máquina de café expresso acrescida de uma pequena quantidade de solvente orgânico. O vapor de água passa pelo solo da amostra e extrai os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos em uma única "coada".
Do começo ao fim, o processo leva apenas 11 segundos. Os resultados obtidos com a máquina de café expresso foram comparáveis àqueles obtidos com as técnicas certificadas, com a vantagem de que o novo processo foi significativamente mais barato e mais rápido.
A equipe está trabalhando agora para ver se as máquinas de café podem também extrair e analisar pesticidas, produtos farmacêuticos e detergentes em amostras ambientais e de alimentos.