Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/05/2010
Mapeamento do ambiente de inovação
Um quadro do ambiente de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) existente no Brasil.
Este é o resultado de um estudo realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), em parceria com a empresa canadense Global Advantage Consulting.
O quadro pretende ser um instrumento para facilitar a concretização de acordos na área de CT&I.
Em uma visão mais ampla, o quadro poderá trazer benefícios para o país ao diminuir o esforço de atores nacionais e - futuramente - internacionais no momento de compreender, direcionar e estabelecer as relações políticas e comerciais entre instituições.
Órgãos envolvidos
Para elaborar o quadro, foi necessário entender a organização dos relacionamentos intra e interatores - entre instituições governamentais de CT&I, ministérios, empresas, agências e institutos. Futuras versões incluirão os fluxos de conhecimento e investimento distribuídos entre eles.
O SNCTI envolve diversos ministérios, dentre eles os da Ciência e Tecnologia, Saúde, Agricultura, Educação, Defesa, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Planejamento, Minas e Energia, Relações Exteriores, Comunicações, Fazenda e Meio Ambiente.
O quadro lista os órgãos relacionados a cada um deles no ambiente da pesquisa e inovação, além de conselhos e secretarias que operam em nível federal, universidades, hospitais, Institutos de Ciência e Tecnologia e Inovação (ICTIs), parques tecnológicos, incubadoras e empresas.
Mapas de ciência, tecnologia e inovação
A motivação para o projeto partiu de contatos entre o Núcleo de Competência Metodológica (NCM) do Centro e a empresa de consultoria canadense Global Advantage Consulting, especializada na construção de mapas de CT&I de diversos países.
O anseio do governo do Canadá em realizar relações comerciais internacionais com países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) impulsionou a empresa de consultoria a confeccionar tais mapas.
"Os mapas traçados ajudaram aquele governo a visualizar com maior clareza os sistemas de C&TI de interesse e assim facilitar uma cooperação mais efetiva entre instituições destes países", avalia Igor Carneiro, assessor técnico do CGEE e um dos criadores do quadro brasileiro.
A versão nacional tomou como referência os mapeamentos existentes para Canadá, Estados Unidos e China.
Atores relevantes
Para começar, foram realizadas reuniões com a equipe técnica do CGEE, para discutir características do SNCTI, como critérios, objetivos de mensuração e que fontes de informação deveriam ser consideradas como fidedignas à realidade brasileira e atores relevantes (stakeholders) a serem registrados no quadro.
Após esta fase, pôde-se consolidar, em reuniões posteriores, uma primeira versão. "A perspectiva é de que aprimoremos periodicamente o instrumento e de que possamos disponibilizar como um serviço à comunidade científica e tecnológica", afirma Claudio Chauke, assessor do CGEE e também idealizador do quadro.
Essas ações casam com o método elaborado e adotado pela empresa canadense. O método consiste em agregar informações pertinentes - principais atores públicos, privados e acadêmicos, estratégias e políticas governamentais em CT&I, financiamentos e estruturas de apoio - e apresentá-las em forma de mapa. "Esta interface garante a visualização de um sistema complexo em uma apresentação visual de fácil leitura, apresentando um apanhado de atores como parte de um "ecossistema" de CT&I", garante Igor Carneiro.
Patamares de distinção
A coleta de informações dependeu dos critérios de seleção estabelecidos pela equipe técnica. Elaborou-se uma classificação por meio de patamares de distinções, e não por ranking. Para universidades, adotou-se o critério do número de programas de pós-graduação com nota 7 ou 6 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 2007 e do número de programas de graduação com nota 5 ou 4 pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) em 2008.
As grandes áreas de conhecimento contempladas foram Saúde, Exatas e Terra, Engenharias e Ciências Agrárias, Biológicas, Humanas, Sociais Aplicadas e Multidisciplinar. Checaram-se também, por meio do Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil, do Censo CNPq de 2008, os números de pesquisadores doutores, doutores titulados no período de 1996 a 2008 e produção tecnológica - softwares com registro ou patentes, produtos tecnológicos, processos técnicos com catálogo ou registro de diversas universidades, número de patentes depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Com isso, foi possível levantar 28 instituições de ensino em todo o país.
Para a seleção dos hospitais, os critérios incluíram os participantes de redes nacionais de pesquisa em saúde, como a Rede Nacional de Terapia Celular (RNTC), a Rede Brasileira de Pesquisa sobre o Câncer, a Rede Malária, a Rede de Pesquisa em Métodos Moleculares para Diagnóstico de Doenças Cardiovasculares, Infecciosas, Parasitárias e Neurodegenerativas (Rede Rio) e a Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC) em Hospitais de Ensino. Com base nesse critério, 29 hospitais foram incluídos no estudo.
No setor empresarial, os critérios de seleção adotaram outra perspectiva. Em função de lacunas na institucionalização de dados públicos que associem o desempenho de empresas brasileiras a atividades relacionadas à inovação, a equipe técnica do CGEE adotou como critério a proatividade de empresas em atuação no ambiente de inovação brasileiro. Os principais dados públicos disponíveis são os programas e instrumentos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Assim, incluíram-se empresas ativas e usuárias do sistema de financiamento ou fomento à inovação que foram contempladas em, no mínimo, dois momentos dos programas: Subvenção Finep - de 2007, 2008 e 2009, Programas de reembolsáveis da Finep, Prêmio de Inovação Finep 2009, Lei do Bem e Fomento e Financiamento à Inovação do BNDES. A partir desses dados, foram selecionadas 105 empresas brasileiras.
Além disso, o quadro dispõe as Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTIs) sob um mesmo guarda-chuva, incluindo nessa classificação entidades públicas ou privadas, sem fins lucrativos, dedicadas à pesquisa nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Engenharias, Ciências da Saúde e Ciências Agrárias.
No corpo do MCT, junto às agências vinculadas a ele - CNPq, Finep, Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) - está o CGEE.