Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/06/2012
Sinopse celeste
Quando o LSST entrar em operação, todo o céu do hemisfério Sul será fotografado a cada cinco dias, em seis faixas diferentes do espectro eletromagnético.
Como a maioria das pesquisas astronômicas tem sido historicamente feita com telescópios no hemisfério Norte, o Large Synoptic Survey Telescope (LSST) promete adicionar várias páginas que continuam faltando no livro da astronomia mundial.
O Grande Telescópio de Rastreio Sinóptico - uma tradução livre do nome do equipamento - deve seu nome justamente a essa ampla visão do céu: a palavra grega synopsis refere-se a olhar para todos os aspectos de alguma coisa - neste caso, o céu do hemisfério Sul.
E, para olhar bem, o telescópio contará com o maior "olho eletrônico" já construído: uma câmera digital com 3,2 bilhões de pixels.
A atual detentora do título de maior câmera digital do mundo tem 1,4 gigapixel.
Filmes do Universo
Além de vasculhar o Universo em busca de explicações para as elusivas Energia Escura e Matéria Escura, a super-resolução da câmera do LSST permitirá não apenas fotografar, mas verdadeiramente filmar eventos e objetos que se alteram muito rapidamente, como asteroides que ameaçam se chocar com a Terra e explosões de supernovas.
Cada foto do telescópio será uma imagem panorâmica completa, cobrindo uma área equivalente a 49 vezes a área que a Lua ocupa no céu.
Fazendo isto continuamente, serão gerados 6 milhões de gigabytes de imagens astronômicas anualmente, o equivalente a bater 800.000 fotos com uma câmera digital comum de 8 megapixels.
A câmera do LSST, do tamanho de um carro, acaba de receber a luz verde do Departamento de Energia dos EUA, marcando o início da fase de detalhamento final do projeto e escolha dos componentes.
Troca de filtros
O sensor de imagem da câmera será formado por um mosaico de CCDs - os sensores das câmeras digitais - com 16 megapixels cada um, compondo uma imagem total de 3,2 gigapixels.
"Com 189 sensores e mais de 3 toneladas de componentes, que precisam ser acomodados em um espaço tão pequeno, você pode imaginar o quão complexo esse instrumento será," disse Nadine Kurita, gerente do projeto da câmera do LSST.
Esta é a maior câmera digital já projetada, e provavelmente será a maior quando terminar sua construção, uma vez que não há projetos concorrentes dessa magnitude em andamento.
Para fazer imagens em seis bandas do espectro, a câmera incorporará seu próprio mecanismo de troca de filtros, além de um inédito sistema de resfriamento, capaz de manter a temperatura no interior da câmera estável o suficiente para não injetar nenhum ruído nas imagens captadas.
Astrônomos cidadãos
O projeto tem ainda uma proposta inédita de compartilhamento dos dados científicos a serem coletados pelo telescópio.
Os dados serão disponibilizados ao público por meio de um site. Qualquer pessoa poderá conectar-se e fazer zooms nas imagens astronômicas, observando objetos que, em sua maioria, nunca foram observados pelo homem.
O projeto inclui ainda ferramentas de análise para que os cientistas-cidadãos possam ajudar os astrônomos a digerir a quantidade astronômica de dados que o LSST coletará todas as semanas.