Com informações da ESA - 21/04/2012
Lago e exolago
Foi encontrada em Titã, lua de Saturno, uma região muito semelhante ao lago Etosha Pan, da Namíbia, na África.
Os dois são lagos temporários, depressões grandes e pouco profundas que eventualmente se enchem de líquido e depois voltam a secar.
O Ontario Lacus é o maior lago no hemisfério sul da lua de Saturno, Titã. Ele é ligeiramente menor do que o lago que lhe deu o nome, o Lago Ontário, na América do Norte, mas muito diferente na sua constituição.
O exolago, que tem um formato quase idêntico ao de uma pegada humana, está cheio de hidrocarbonetos líquidos, em vez de água, e tem apenas alguns metros de profundidade, estando localizado numa depressão muito superficial, numa bacia sedimentar plana, rodeado de pequenas faixas montanhosas.
Além disso, um novo estudo mostra que estas estruturas geológicas, bem como as condições climáticas na região, são semelhantes às das regiões semiáridas na Terra, tais como as salinas do sul do continente africano.
As observações foram feitas pela sonda Cassini, uma missão da NASA, ESA e da Agência Espacial Italiana.
Lagos temporários
Até agora, acreditava-se que o Ontario Lacus estava permanentemente cheio de metano, etano e propano em estado líquido. As observações recentes, contudo, sugerem o contrário.
Combinando vários dados, como imagens, espectroscopia e radar, captadas em dois momentos diferentes pela Cassini, a equipe de cientistas lideradas por Thomas Cornet, da Universidade de Nantes, na França, encontrou indícios de que há canais escondidos no leito do lago.
Estes canais estiveram visíveis entre Dezembro de 2007 e Janeiro de 2010, sempre que a resolução dos instrumentos permitia detectá-los.
"Concluímos que, muito provavelmente, o pavimento do Ontario Lacus está exposto nestas áreas," diz Cornet.
Além disso, a Cassini mostrou sedimentos em volta de Ontario Lacus que também indicam que o nível do líquido já esteve mais elevado no passado.
Isto é semelhante aos lagos temporários da Terra.
Lago de hidrocarbonetos
O estudo sugere que o parente mais próximo do lago de Titã é o Etosha Pan, na Namíbia.
Este leito salgado enche-se de uma pequena camada de água, com a subida do aquífero durante a estação das chuvas, que depois se evapora, deixando marcas semelhantes às das marés, que mostram até onde foram as águas.
Cornet e seus colegas acreditam, portanto, que Ontario Lacus é também o resultado de fluidos hidrocarbonetos de subsuperfície que veem à superfície ocasionalmente, inundando a depressão, antes de secarem outra vez.
Além da Terra, Titã é o único mundo conhecido capaz de manter líquidos estáveis na superfície.
Enquanto a Terra tem o ciclo da água, Titã tem o ciclo completo dos hidrocarbonetos, baseado no hidrogênio, carbono e nitrogênio, que ocorrem entre a atmosfera, a superfície e a subsuperfície. Os lagos de Titã fazem parte deste processo.
"Estes resultados realçam a importância da planetologia comparada no âmbito das ciências planetárias modernas: encontrar características geológicas familiares em mundos extraterrestres como Titã nos permite testar as teorias que explicam a sua formação," disse Nicolas Altobelli, cientista da missão Cassini-Huygens.