Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/10/2023
Quase satélites
Em 2021, os astrônomos sugeriram que um asteroide próximo à Terra recentemente descoberto, chamado Kamo'oalewa, poderia ser um pedaço da Lua.
Eles constataram que o espectro da minilua - o padrão de luz que ela reflete - corresponde ao espectro das rochas lunares trazidas pelos astronautas das missões Apolo.
Mas como é que um pedaço de rocha tão grande teria se desprendido da Lua? É um possível roteiro para essa separação que estão oferecendo agora Jose Daniel Cisneros e colegas da Universidade do Arizona, nos EUA.
A equipe conseguiu demonstrar a viabilidade de que um pedaço da Lua, ejetado pelo impacto de um meteorito, entre na órbita atual do quasi-satélite. É um fenômeno bastante improvável porque fragmentos da Lua que têm energia cinética suficiente para escapar do sistema Terra-Lua também têm energia demais para estacionar em uma órbita semelhante às da Terra - hoje só conhecemos cinco outros quase-satélites da Terra, mas com outras origens.
Com simulações numéricas que levam em conta com precisão as forças gravitacionais de todos os planetas do Sistema Solar, o grupo descobriu que alguns fragmentos lunares sortudos podem realmente encontrar o caminho para essas órbitas. O Kamo'oalewa pode ser um desses fragmentos, criados durante um impacto na Lua nos últimos milhões de anos.
Outra implicação importante desta demonstração é que ainda podem existir outros fragmentos lunares por descobrir entre a população de asteroides próximos da Terra.
Qual é a idade da Lua
E há novidades também em relação à própria Lua. Quanto fizeram novas datações de amostras de rochas trazidas da Lua pelos astronautas da Apolo 17, em 1972, Jennika Greer e seus colegas dos EUA e Inglaterra descobriram que a Lua é mais antiga do que se acreditava.
Enquanto as datações anteriores haviam identificado amostras mais antigas com idade de 4,425 bilhões de anos, Greer encontrou cristais com idade de 4,460 bilhões de anos, ou seja, a Lua é pelo menos 35 milhões de anos mais velha.
"Este estudo é uma prova do imenso progresso tecnológico que fizemos desde 1972, quando a última missão tripulada à Lua regressou à Terra," disse Dieter Isheim, membro da equipe. "Essas amostras foram trazidas para a Terra há meio século, mas só hoje temos as ferramentas necessárias para realizar microanálises no nível necessário, incluindo tomografia por sonda atômica."
A análise átomo por átomo permitiu aos pesquisadores contar quantos átomos nos cristais de zircônio - encontrados escondidos dentro da poeira coletada da Lua - sofreram decaimento radioativo. Quando um átomo sofre decaimento, ele libera prótons e nêutrons para se transformar em um elemento diferente - o urânio, por exemplo, decompõe-se em chumbo.
Como os cientistas estabeleceram quanto tempo leva para este processo se desenrolar, eles podem avaliar a idade de uma amostra observando a proporção de átomos de urânio e chumbo.
"A datação radiométrica funciona um pouco como uma ampulheta," disse o professor Philipp Heck. "Em uma ampulheta, a areia flui de um bulbo de vidro para outro, com a passagem do tempo indicada pelo acúmulo de areia no bulbo inferior. A datação radiométrica funciona de forma semelhante, contando o número de átomos pais e o número de átomos filhos em que eles se transformaram. A passagem do tempo pode então ser calculada porque a taxa de transformação é conhecida."