Redação do Site Inovação Tecnológica - 31/05/2017
Moagem a frio
Para simplificar a reciclagem de resíduos eletrônicos, pesquisadores do Instituto Indiano de Ciências e da Universidade de Rice (EUA) tiveram uma daquelas ideias para nos fazem ficar imaginando: "Como é que alguém não pensou nisso antes?"
Hoje, depois de moer o material eletrônico descartado, há duas técnicas mais utilizadas, nenhuma delas muito amigável ambientalmente: métodos químicos, para lixiviar os metais mais valiosos, ou a fusão, fazendo uma espécie de destilação fracionada.
"Em todos os casos, o ciclo é de mão única, e queimar ou usar produtos químicos gasta muita energia e ainda deixa resíduos. Propomos um sistema que quebra todos os componentes - metais, óxidos e polímeros - em pós homogêneos, tornando-os mais fáceis de reutilizar," disse Chandra Tiwary, idealizador do processo.
Física básica
Tiwary idealizou um crio-moinho, um moinho a frio. Em vez de ser derretido, o lixo eletrônico é reduzido a pó em baixas temperaturas. E isto por uma questão muito simples: Quando ficam frios, os materiais se tornam mais quebradiços e mais fáceis de pulverizar.
"Estamos tirando proveito da física. Quando você aquece as coisas, elas se tornam mais propensas a se combinar: você pode colocar metais em polímeros, óxidos em polímeros. É para isso que serve o processamento de alta temperatura, ele torna realmente muito mais fácil misturar as coisas.
"Mas, em baixas temperaturas, elas não gostam de se misturar. As propriedades básicas dos materiais - seu módulo de elasticidade, condutividade térmica e coeficiente de expansão térmica - mudam, permitindo que tudo se separe muito bem," explicou Tiwary.
As partículas, em micro e nano-escala, são então separadas em polímeros, óxidos e metais aproveitando as mudanças em suas propriedades em baixa temperatura.
Tiwary testou seu moinho de baixa temperatura pulverizando resíduos eletrônicos - chips, outros componentes eletrônicos e os polímeros que compõem as placas de circuito impresso - e tudo funcionou conforme esperado.
O próximo passo é escalonar o processo e testá-lo em uma planta-piloto.