Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/08/2009
Nesta quinta-feira, os cientistas responsáveis pela operação do maior acelerador de partículas do mundo, o LHC, anunciaram que não será seguro ligá-lo na potência total originalmente prevista. Como resultado, ele deverá começar a operar com apenas metade da capacidade para a qual foi projetado.
Na última terça-feira, já havia sido anunciado um novo atraso no cronograma de religamento do superacelerador de partículas, que apresentou defeito logo depois da inauguração, em Setembro de 2008.
Operação a meia carga
O LHC foi projetado para operar com energias de 14 teraelétron-Volts (TeV), o que seria sete vezes mais do que o maior acelerador de partículas atualmente existente.
Durante os consertos feitos no decorrer deste ano, os cientistas afirmaram que seria recomendável que ele fosse ligado com uma potência máxima de 10 TeV, até que se tivesse total confiança com relação aos consertos efetuados.
Agora, porém, os cientistas afirmaram que ele não poderá superar os 7 TeV. Ele será ligado, provavelmente em Novembro, com 3,5 TeV, e terá a energia elevada aos poucos até os 7 TeV, o que deverá acontecer no final de 2010.
Fusão de supercondutores
A maior preocupação dos engenheiros e técnicos responsáveis pela operação do LHC está nos revestimentos de cobre que recobrem os cabos supercondutores nas emendas entre as diversas partes dos cabos. Eles localizaram defeitos em pelo menos 80 dos 10.000 revestimentos desse tipo, que apresentaram mau contato.
Essas peças de cobre são chamadas de estabilizadores, funcionando como uma espécie de desvio para a eletricidade caso os cabos principais percam a supercondutividade por algum aquecimento. Mas se as conexões entre os estabilizadores e os cabos supercondutores não for quase perfeita, a corrente não flui, fazendo os cabos supercondutores aquecerem até se fundirem.
Foi isto o que aconteceu em Setembro do ano passado, logo após a inauguração do LHC, quando dois magnetos supercondutores se fundiram depois de receberem uma corrente de 9.000 A.
Partícula de Deus
O LHC foi projetado para colidir partículas a energias extremas. Essas colisões, esperam os cientistas, poderão produzir novas partículas desconhecidas e até mesmo novas dimensões do espaço.
Uma das partículas mais procuradas pelos cientistas é a chamada "Partícula de Deus," que poderia explicar a existência da matéria.
Por muito tempo se acreditou que os átomos fossem a unidade indivisível da matéria. Depois, os cientistas descobriram que o próprio átomo era resultado da interação de partículas ainda mais fundamentais. O problema é que, quando consideradas individualmente, nenhuma dessas partículas tem massa.
Ou seja, depois de todos os avanços científicos, ainda não sabemos o que dá "materialidade" ao nosso mundo.
O Modelo Padrão, a teoria básica da Física que explica a interação de todas as partículas subatômicas, coloca todas as fichas no chamado Bóson de Higgs, a partícula fundamental que explicaria como a massa se expressa nesse mar de energias. É por isso que os cientistas a chamam de "Partícula de Deus". Para entender mais, veja Confirmado: a matéria é resultado de flutuações do vácuo quântico e Em busca da "Partícula de Deus".
Consolo
Mesmo operando a meia carga, os cientistas estão esperançosos e aliviados com a religação do LHC. Afinal de contas, se ele não poderá ser 7 vezes mais poderoso do que o maior acelerador de partículas existente - o Colisor Tevatron, nos Estados Unidos - ele ainda será 3,5 vezes mais potente.