Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/10/2020
Reciclagem de lã
Os materiais com memória de forma - aqueles que podem ser moldados, torcidos e retorcidos e depois sempre retornam à forma original - acabam de dar um salto tecnológico substancial.
Pesquisadores desenvolveram um material biocompatível, flexível e que pode ser impresso em 3D em qualquer formato e pré-programado com memória de forma reversível.
O material é feito com queratina, uma proteína fibrosa encontrada em nossos cabelos e unhas e nas conchas de diversos animais.
Mas Luca Cera e seus colegas da Universidade Harvard, nos EUA, usaram como fonte de queratina as sobras da lã usada na fabricação de tecidos.
A equipe afirma que o novo material pode ser usado em qualquer coisa, desde sutiãs com autoajuste até tecidos com atuadores para terapias médicas, além de ajudar a reduzir o desperdício na indústria da moda.
"Com este projeto, mostramos que não apenas podemos reciclar a lã, mas também podemos construir coisas com a lã reciclada que nunca foram imaginadas antes," disse o professor Kit Parker. "As implicações para a sustentabilidade dos recursos naturais são claras. Com a proteína de queratina reciclada, podemos fazer tanto, ou mais, do que já foi feito tosquiando os animais e, com isso, reduzir o impacto ambiental dos têxteis e da indústria da moda."
Queratina com memória de forma
A chave para as habilidades de mudança de forma da queratina é a sua estrutura hierárquica.
Uma única cadeia de queratina é organizada em uma estrutura semelhante a uma mola - tecnicamente a estrutura é conhecida como alfa-hélice. Duas dessas cadeias se entrelaçam para formar uma estrutura em formato de bobina. Várias dessas bobinas formam protofilamentos e, eventualmente, se estruturam em fibras grandes.
Quando uma fibra é esticada ou exposta a um estímulo específico, as molas se desenrolam e as ligações se realinham para formar folhas beta estáveis. A fibra permanece nessa posição até que receba um novo estímulo, enrolando-se de volta à sua forma original - em seus experimentos, a equipe usou água como estímulo, molhando e secando a fibra.