MCT - 01/06/2010
O Brasil no Mundo
A última plenária da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação discutiu a inserção do Brasil na nova geografia da ciência e inovação global.
O painel O Brasil no Mundo foi aberto pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, que comentou a respeito da questão do reconhecimento e da importância da ciência e tecnologia para o desenvolvimento econômico.
O embaixador também destacou a posição do Brasil no mundo, tanto do ponto de vista político como econômico.
Desenvolvimento é inovação
Para o embaixador, o desenvolvimento econômico é basicamente a introdução de inovações no processo produtivo.
Ele explicou que as inovações têm um papel fundamental na competitividade das empresas, sendo importante também lembrar que o desenvolvimento é uma questão relativa, pois ninguém é desenvolvido sozinho.
"Você está sempre desenvolvido ou não em relação aos outros países, as outras sociedades. Isso depende naturalmente da competitividade das empresas estatais ou privadas, não importa. A competitividade depende da inovação e do volume de recursos aplicado no processo tecnológico", salientou.
Ciências exatas
O Embaixador disse que os Estados Unidos aplicam 3% de US$ 15 trilhões em ciência e tecnologia, significando US$ 450 bilhões de investimento na área. Já o Brasil investe cerca de 2% de R$ 1,5 trilhão, ou seja, R$ 30 bilhões em c&t.
Para ele, no entanto, todo o esforço em ciência e tecnologia precisa ser redobrado, repensado, com a formação de engenheiros para o País crescer e reduzir a taxa de desigualdades com outros países.
"Precisamos da formação de estudantes na área de ciências exatas, precisamos de professores de matemática para ampliar o número de profissionais formados em exatas. Esse é um desafio que vamos enfrentar, para reduzir nossa distância em relação a outros países", ressaltou.
Desafios globais
Lídia Maria Serra Ribeiro, da Unesco, afirmou, por sua vez, que o Brasil tem crescido no cenário internacional e que é preciso olhar o País como um caso de sucesso.
Para ela, temos 15 desafios globais, sendo alguns deles o papel da mulher na tomada de decisões; a construção de uma sociedade do conhecimento sábia; a formação de massa crítica; a necessidade de se olhar para a construção de uma sociedade do conhecimento no contexto global; o investimento em recursos humanos e a qualificação profissional.
Segundo Lídia, é necessário refletir em como mobilizar a ciência para a política pública e a política pública para a ciência, como fonte de inspiração, além disso, questionar que tomadas de decisão, hoje, terão impactos futuros.
Ela acredita que precisamos ter uma visão comum de ciência e tecnologia, assim como indicadores corretos e políticas mais integradas. Uma abordagem de ciência para o Brasil, com investimentos a longo prazo, também foi mencionada como desafio. "Mais do que centros de excelência, precisamos de redes de excelência", resumiu.
Inovação para o bem-estar
O presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Ernani Gadelha, destacou o papel da saúde na articulação de questões relacionadas aos processos produtivos, de inovação e do desenvolvimento e o seu objetivo de promover o bem-estar social. "A saúde tem uma forte presença no campo da inovação. Ela mobiliza de 8% a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e recruta cerca de 10% do trabalho qualificado, empregando mais de nove milhões de pessoas".
Gadelha ressaltou também a importância da cooperação internacional e a visibilidade que o País tem no cenário mundial. "O Brasil é considerado um País inovador. Está em uma faixa intermediária no ranking geral, mas esse avanço ainda não se reflete na resolução de vulnerabilidades internas, como por exemplo, o Sistema Único de Saúde (SUS). A acessibilidade da população não está sendo garantida e nem a sustentabilidade desse sistema", explicou Gadelha.
Guilherme Estrella, diretor de exploração e produção da Petrobras, fez um breve relato sobre a atual situação da companhia. "A Petrobras é reconhecida nacional e internacionalmente como a companhia que desenvolveu, na frente de outras empresas do mundo, tecnologia de produção em águas profundas". Segundo ele, a decisão governamental para a constituição de um programa tecnológico específico, que contemplasse a integração do meio acadêmico para o desenvolvimento de novos equipamentos e tecnologias foi crucial para o sucesso do projeto.
Evolução brasileira
Luis Fernandes, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), afirmou que já se comemorou diversas vezes a progressão do Brasil na produção científica mundial, com o fato de já sermos o 13º país em produção de artigos e revistas indexadas internacionalmente, além do fato de termos passado de 0,4% da produção científica mundial para 2,2%, um valor mais ou menos equivalente a nossa participação do PIB mundial.
"É preciso situar a evolução do Brasil, na nova geografia da ciência, da inovação e do dinamismo econômico global. O País está inserido no contexto do redesenho do mapa global da ciência e da inovação e da produção econômica. A premissa básica desta discussão é o advento e o nosso reconhecimento à era do conhecimento. Ou seja, cada vez mais a ciência, e o conhecimento aplicado à inovação estão no coração dos processos de geração de riqueza e agregação de valor no mundo. Isso torna o tema de ciência, tecnologia e inovação estratégico para qualquer país que queira promover o seu desenvolvimento de maneira sustentável", ressaltou.