Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/11/2019
Sensor com toque e sem toque
Explorando de modo criativo o uso de campos magnéticos, pesquisadores alemães desenvolveram o primeiro sensor eletrônico que pode processar simultaneamente estímulos táteis e sem toque.
Como o sensor pode ser aplicado até mesmo à pele humana, ele pode fornecer uma plataforma interativa contínua para cenários de realidade virtual e aumentada, permitindo controlar objetos reais e objetos virtuais na mesma interface.
De fato, o material é uma espécie de pele eletrônica, com características semelhantes às da pele humana - ele não é apenas capaz de diferenciar os estímulos mais variados em segundos, como também pode classificar a intensidade dos sinais em uma ampla faixa.
"Nosso sensor processa os sinais elétricos das interações tátil e sem toque em diferentes regiões e, dessa forma, pode diferenciar a origem dos estímulos em tempo real e suprimir influências perturbadoras de outras fontes," disse Jin Ge, do Centro de Pesquisas Rossendorf, na Alemanha.
Sensor magnético
A fabricação do sensor começa com uma fina película de polímero, sobre a qual é fabricado um sensor magnético que baseia no efeito da magnetorresistência gigante (GMR), o mesmo usado nas cabeças de leitura dos discos rígidos.
Este filme, por sua vez, foi selado por uma camada de polímero à base de silício (polidimetilsiloxano) contendo uma cavidade redonda projetada para ser alinhada com precisão com o sensor. Dentro desse vazio, os pesquisadores integraram um ímã permanente flexível com pontas em forma de pirâmide saindo da superfície.
"O resultado lembra um filme plástico com enfeites ópticos," comentou o professor Denys Makarov. "Mas este é precisamente um dos pontos fortes do nosso sensor. É assim que ele permanece excepcionalmente flexível: ele se encaixa perfeitamente em todos os ambientes. Mesmo sob condições curvas, ele opera sem perder sua funcionalidade. Assim, o sensor pode ser facilmente colocado, por exemplo, na ponta do dedo."
Ambientes estéreis
Além do funcionamento, um dos testes do sensor foi usado para demonstrar sua biocompatibilidade. "Na pétala de uma margarida, colamos um ímã permanente, cujo campo magnético aponta na direção oposta ao imã anexado à nossa plataforma. À medida que o dedo se aproxima desse campo magnético externo, a resistência elétrica do sensor GMR cai. Isso ocorre até o momento em que o dedo realmente toca a folha. Nesse momento, ela aumenta abruptamente porque o ímã permanente embutido é pressionado mais perto do sensor GMR e, portanto, se sobrepõe ao campo magnético externo," descreveu Jin Ge.
Dessa forma, o sensor registra uma mudança clara da interação sem toque para a interação tátil, permitindo controlar seletivamente objetos físicos e objetos virtuais.
Além dos espaços de realidade virtual, essa pele eletrônica poderá ser usada, por exemplo, em ambientes estéreis: Cirurgiões poderiam usar os sensores para manipular equipamentos médicos sem tocá-los durante um procedimento, o que reduziria o risco de contaminação, propõe a equipe.