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Ligado instrumento que observará fronteira de buracos negros

Com informações do ESO - 19/01/2016

Ligado instrumento que observará fronteira de buracos negros
Observações inicias do Gravity, ainda longe de sua potência total, já ajudaram a descobrir uma estrela dupla (Theta1 Orionis F) no Aglomerado do Trapézio, situado no coração da região de formação estelar de Órion.
[Imagem: ESO/Gravity/NASA/ESA/M. McCaughrean]

Interferometria óptica

Observar o entorno dos buracos negros é o objetivo principal do instrumento Gravity, recentemente instalado no telescópio VLT do ESO, no Chile.

O instrumento combina a radiação capturada por vários telescópios para formar um telescópio virtual com um diâmetro que pode ir até aos 200 metros, utilizando uma técnica conhecida por interferometria, a qual permite aos astrônomos detectar muito mais detalhes nas imagens dos objetos astronômicos do que o que seria possível com um único telescópio.

Para comparação, pode-se dizer que o instrumento veria objetos do tamanho de edifícios na Lua e poderia localizá-los com uma precisão de alguns centímetros - ele mede as posições de objetos com escalas da ordem dos 10 microssegundos de arco e obtém imagens com uma resolução de 4 milissegundos de arco.

Borda dos buracos negros

Imagens com tão elevada resolução por si só já seriam de enorme interesse, mas o enfoque principal será o estudo do meio que rodeia os buracos negros.

O Gravity não consegue observar um buraco negro diretamente, é claro - isto é o Santo Graal de toda a comunidade astronômica - mas poderá observar o que acontece no campo gravitacional extremamente forte que existe próximo do horizonte de eventos do buraco negro supermassivo que se situa no centro da Via Láctea.

Foi a força descomunal da gravidade na região do horizonte de eventos que justificou o nome do instrumento. Trata-se de uma região onde tudo é relativístico, ou seja, qualquer explicação passa pela teoria da relatividade geral de Einstein.

Ligado instrumento que observará fronteira de buracos negros
Durante as primeiras observações, o Gravity combinou com sucesso a radiação estelar coletada por quatro telescópios auxiliares do VLT, de 1,8 metros - até o final do ano ele contará com quatro telescópios de 8 metros.
[Imagem: ESO/Gravity]

Jatos de energia e exoplanetas

O instrumento observará ainda detalhes ligados à acreção de massa e a jatos de energia, processos que ocorrem tanto nas regiões que rodeiam os buracos negros supermassivos, situados nos centros das galáxias, como em torno de estrelas recém-nascidas (objetos estelares jovens).

Será também um excelente instrumento para observar os movimentos de estrelas binárias, exoplanetas e discos estelares jovens e fazer imagens da superfície das estrelas.

A capacidade total do Gravity deverá ser alcançada até o final do ano, quando ele passará a processar os dados dos quatro telescópios principais de 8 metros do VLT.

"Pela primeira vez na história da interferometria de linha de base longa da astronomia óptica, o Gravity fez exposições de vários minutos, ou seja, uma centena de vezes maiores do que o que era possível anteriormente," comentou Frank Eisenhauer, do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, na Alemanha, que coordenou a equipe internacional que construiu e está instalando o aparelho.

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