Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/07/2010
Informações quentes
Atualmente, as informações são transmitidas usando elétrons. No futuro, tudo aponta para que os dados viajem codificados em fótons.
Mas estas não são as únicas alternativas: as informações também podem ser transmitidas por meio de reações químicas. Ou por uma combinação de algumas dessas técnicas.
George Whitesides e seus colegas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, desenvolveram um conceito que permite a transmissão de informações alfanuméricas na forma de pulsos de luz - mas luz gerada por fogo, sem a necessidade de eletricidade.
Infofusíveis
Batizada de "infofusível, a descoberta torna possível desenvolver sistemas de informação e processamento que operem em condições nas quais os eletrônicos e as baterias não funcionam.
O material básico do infofusível é uma fita de nitrocelulose sobre a qual são construídos padrões de pontos feitos com sais dos elementos lítio, rubídio e césio.
Ao colocar fogo na fita, a chama viaja queimando os pontos um após o outro - daí o nome infofusível, já que cada fusível deve literalmente queimar-se para transmitir a informação.
O calor faz com que os elementos químicos de cada ponto emitam luz em comprimentos de onda característicos, que podem ser captados à distância por uma câmera ou por um espectrômetro, mesmo durante o dia.
Como os pontos podem conter combinações de três sais diferentes, geram-se sete combinações possíveis de "bits químicos". Uma combinação de dois pontos eleva essas possibilidades para 49 variações (7 x 7), e assim por diante.
Queimando os fusíveis
O primeiro problema enfrentado para tornar a tecnologia prática foi que a chama tendia a se extinguir antes de queimar todos os fusíveis e transmitir todas as informações.
Isso foi resolvido usando um substrato de fibra de vidro, que não conduz calor de forma tão eficiente.
Outro problema é que o fogo percorre a fita rápido demais. "Seria necessário um infofusível de 2,6 km para transmitir dados por 24 horas," explica Whitesides. Isso acontece porque as fitas de nitrocelulose queimam-se a uma taxa de vários centímetros por segundo.
A solução veio na forma de um arranjo de infofusíveis com velocidades de queima diferentes, o que reduziu a velocidade de queima para algo entre 1 e 2 metros por segundo, dependendo do comprimento de cada seção.
Sistema não-elétrico
A configuração final, mais resistente e melhor comportada, permite que a transmissão da informação seja repetida várias vezes, ou que diferentes informações sejam transmitidas periodicamente.
"Nós acreditamos que seja possível desenvolver um sistema não-elétrico e portátil de transmissão de informações que possa ser integrado com qualquer tecnologia moderna de informação," diz Whitesides. "Por exemplo, ele poderá ser usado para capturar e transmitir dados ambientais ou para enviar mensagens para os serviços de emergência."