Thiago Romero - Agência FAPESP - 29/01/2008
Uma técnica inovadora desenvolvida por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, vista como uma arma promissora contra os falsificadores e traficantes de obras de arte, foi descrita em artigo no Journal of Applied Physics.
Autenticidade de obras de arte
A técnica comprova a autenticidade das pinturas por meio da obtenção e análise da imagem magnética das tintas, tanto a óleo como acrílica, que a compõem. Os pesquisadores obtêm uma espécie de impressão digital do quadro, uma vez que o pigmento das tintas possui partículas ferromagnéticas que dão às pinturas magnetismos distintos.
Essa imagem magnética única é identificada em um scanner especial, o Squid (Superconductor Quantum Interference Device, na sigla em inglês), que é usado na área médica para medir o campo magnético gerado pela atividade elétrica do coração. Para que essa imagem seja capturada pelo scanner, primeiramente é preciso magnetizar a obra de arte de maneira uniforme.
Impressão digital magnética
"Magnetizamos a tela com a aplicação de um campo de aproximadamente 100 Gauss, medida que expressa a intensidade dos campos magnéticos. Só para efeito de comparação, o campo magnético da superfície da Terra em São Paulo e no Rio de Janeiro gira em torno de 0,25 Gauss", disse o professor do Departamento de Física da PUC-RJ e coordenador do trabalho, Paulo Costa Ribeiro, à Agência FAPESP.
Em seguida é feita a captura da imagem magnética da pintura no Squid, que, com o auxílio de programas de computador, produz um mapa colorido do material analisado. Os sinais magnéticos das obras mudam de acordo com variáveis como o tipo das pinceladas, marca, tonalidade e quantidade das tintas usadas. "Mesmo que as reproduções e pinturas originais tenham exatamente os mesmos pigmentos, elas geram uma imagem magnética diferente", garante o pesquisador.
Uso preventivo
Segundo Ribeiro, a técnica pode ser aplicada para prevenir o roubo de uma obra, por exemplo. Se a tela for recuperada, será possível saber se a obra é de fato a verdadeira. A técnica pode ainda ser usada preventivamente por colecionadores e também incluída nos testes exigidos pelas empresas de seguro para ressarcimento em caso de furto.
"O aperfeiçoamento dessa técnica é algo em constante desenvolvimento. Estamos em busca de parcerias com museus e galerias de arte para que o método possa beneficiar principalmente galerias de países em desenvolvimento que recebem grande quantidade de obras de pintores estrangeiros", disse Ribeiro.