Com informações da New Scientist - 13/02/2023
Botões virtuais que parecem botões reais
Uma técnica háptica baseada em ultrassons permite fazer com que você sinta a sensação de estar apertando um botão físico ao tocar em uma tela sensível ao toque.
Quando você pressiona um botão com o dedo, a pele é esticada pela fricção e, quando o botão é solto, a fricção diminui e a pele relaxa. Como a superfície das telas é lisa e homogênea, pesquisadores holandeses tiveram a ideia de usar ultrassons para criar uma ilusão que transmita à pele a mesma sensação.
Jocelyn Monnoyer e seus colegas da Universidade Delft de Tecnologia criaram uma placa de vidro que pode mudar rapidamente de textura superficial, gerando uma ilusão de atrito. Essa texturização é induzida por um atuador que libera ondas de ultrassom, que fazem a placa vibrar.
Para testar o conceito, a equipe colocou uma câmera embaixo da placa de vidro para observar o que acontecia quando as pessoas pressionavam a tecla virtual. Em seguida, eles repetiram os experimentos ligando o atuador de ultrassom.
"Ao observar as imagens, percebemos que há estresse [na forma de] energia elástica, que é armazenada na pele quando você pressiona um objeto, e somos capazes de liberar essa energia," explicou o professor Michael Wiertlewski. "Essa liberação dá a sensação de que o objeto está realmente se movendo."
Dedo que levita
O ultrassom imita a sensação de apertar e soltar um botão ao fazer o dedo "levitar" brevemente, reduzindo seu atrito contra o vidro e fazendo com que a pele relaxe.
A equipe testou o efeito em 12 voluntários e constatou que, quando o atrito diminuía devido a uma onda ultrassônica com comprimento de onda de 2 micrômetros ou mais, 75% das vezes que os voluntários apertaram a tecla virtual foram interpretadas por eles como estando pressionado um botão real.
A vibração ultrassônica funciona usando uma tela de vidro fina, que pode ser adicionada como outra camada sobre uma tela sensível ao toque, mas antes será necessário testar o dispositivo em um número maior de pessoas - a equipe já constatou que o efeito parece ser menos perceptível para pessoas com pele muito dura no dedo, como aconteceu com alguns voluntários que tocam violão.
Também será necessário avaliar o tamanho do dispositivo final e seu consumo de energia, para verificar se a técnica de imitar botões reais vale a pena em aparelhos móveis.