Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/04/2022
Cometa descoberto por brasileiro
O telescópio espacial Hubble ajudou a determinar o tamanho do maior núcleo de cometa já visto até hoje.
O cometa C/2014 UN271, mais conhecido como Bernardinelli-Bernstein, foi descoberto pelo astrônomo brasileiro Pedro Bernardinelli, da USP, e pelo seu orientador no curso de doutorado, Gary Bernstein, da Universidade da Pensilvânia.
Os dois não estavam usando um telescópio para observar os céus, mas analisando imagens de arquivo do Dark Energy Survey, um mapeamento do Universo em grande escala em busca de explicações para a energia escura.
O cometa foi observado pela primeira vez em novembro de 2010, quando estava a 3 bilhões de quilômetros do Sol, que é quase a distância média de Netuno. Mas ninguém havia se dado conta, e foram Bernardinelli e Bernstein que o garimparam nos dados arquivados.
O corpo celeste rapidamente chamou a atenção pelo tamanho, chegando a ser confundido com um planeta anão.
Agora, as observações com o Hubble confirmaram realmente tratar-se de um megacometa.
Maior cometa já observado
Os dados do Hubble permitiram calcular que o diâmetro do Bernardinelli-Bernstein é de aproximadamente 128 quilômetros - o maior cometa conhecido anteriormente, o C/2002 VQ94, tem um núcleo com um diâmetro de 96 quilômetros.
O núcleo do Bernardinelli-Bernstein é cerca de 50 vezes maior do que o encontrado no coração da maioria dos cometas conhecidos. Sua massa é estimada em impressionantes 500 trilhões de toneladas, cem mil vezes maior que a massa de um cometa típico encontrado mais perto do Sol.
Infelizmente, ele nunca deverá dar um espetáculo nos céus de quem vive na Terra. Apesar de estar mergulhando Sistema Solar adentro a uma velocidade de 35.000 km/h, ele nunca chegará a menos de 1,6 bilhão de quilômetros de distância do Sol, o que é um pouco mais distante do que o planeta Saturno - essa "aproximação" máxima deverá ocorrer em 2031.
O desafio na medição deste cometa foi como discriminar o núcleo sólido da enorme coma empoeirada que o envolve. O cometa está atualmente muito longe para que seu núcleo seja visualmente resolvido pelo Hubble. Em vez disso, os dados do Hubble mostram um pico de luz brilhante na localização do núcleo.
Man-To Hui, da Universidade de Macau, elaborou então um modelo de computador do coma circundante e o ajustou para caber nas imagens do Hubble. Então, o brilho do coma foi subtraído para deixar para trás o núcleo.
Com tantos cálculos envolvidos, o que se pode esperar é que, até 2031, com a maior aproximação do Bernardinelli-Bernstein, os dados agora anunciados deverão ganhar em precisão.