Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/07/2024
Háptica online
Pesquisadores finalizaram e publicaram o tão aguardado protocolo para transmitir sensações pela internet, um trabalho que durou oito anos.
O trabalho de padronização, sob a liderança da Universidade Técnica de Munique, acaba de ser publicado na forma de um padrão para compressão e transmissão do sentido do tato, chamado HCTI (Haptic Codecs for the Tactile Internet, ou "Codecs Hápticos para Internet Tátil).
O que formatos como JPEG, MP3 e MPEG fazem para imagens, áudio e vídeo, os codecs táteis servirão para transmitir a sensação do tato por conexões comuns, estabelecendo as bases para aplicações de entretenimento, mas também para telecirurgia, controle de robôs e novas experiências online.
Transmissão do tato pela internet
Quando arquivos de áudio ou vídeo são enviados pela internet, o processo é bastante simples na perspectiva atual: A cada 20 milissegundos, é montado um pacote de dados do qual já são filtradas informações irrelevantes para a visão e a audição humanas, reduzindo a quantidade de dados que precisam trafegar. As informações são enviadas apenas em uma direção, rumo ao destinatário.
Para transmitir informações táteis, tanto o remetente quanto o receptor precisam desempenhar papéis iguais. Para alterar a posição de um braço robótico remotamente, por exemplo, o usuário indica essa intenção ao se movimentar. Se a mão no braço do robô agarrar uma bola de tênis, o usuário sentirá isso à distância. Ou seja, a informação deve fluir em ambas as direções.
Para isso, é criado um ciclo de controle global, com os comandos para o robô no ambiente remoto e o feedback tátil transmitido de volta ao usuário influenciando-se mutuamente. Em uma situação ideal, a informação háptica deverá ser transmitida em um milissegundo, a velocidade normalmente usada em interações físicas com robôs.
A característica crucial é que, mesmo que os pacotes de dados sejam enviados por longas distâncias, isso não deve ser notado do outro lado da linha. Para isso, o novo padrão de compressão otimiza tanto o circuito de controle entre o remetente e o receptor quanto a compressão dos dados. "O controle integrado tem um efeito estabilizador. As forças exercidas por um robô distante, por exemplo, são ligeiramente amortecidas. Superfícies duras parecem mais macias," explicou o professor Eckehard Steinbach.
"O padrão IEEE 1918.1.1 define um codec como padrão para transferência tátil de dados," acrescentou Steinbach. "Ele registra as sensações dos movimentos, nomeadamente as posições dos membros e das forças que atuam sobre eles, e da sensibilidade da pele, para possibilitar sentir o papel ou o metal, por exemplo." Esses dois codecs hápticos são complementados por um protocolo padronizado para permitir a troca das propriedades do dispositivo, conhecido como "aperto de mãos", o processo de estabelecimento de uma conexão.
Aplicações para o padrão tátil
O padrão de transmissão de sensações pela internet será de interesse para diversas aplicações, atuais e futuras, destaca a equipe:
"No caso do JPEG, MP3 e MPEG, muitas aplicações surgiram depois que os padrões se tornaram públicos," disse Steinbach. "Espero o mesmo dos nossos novos codecs táteis."