Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/11/2018
Dados em pó
Que tal trocar seu pendrive por uma pequena quantidade de pó? Aumente o pó e você terá instantaneamente mais gigabytes.
Preocupados com as enormes quantidades de metais necessárias para produzir dispositivos USB e discos rígidos e, depois, com a energia necessária para alimentá-los, uma equipe multidisciplinar - químicos, bioquímicos e cientistas da computação - da Universidade Ghent, na Bélgica, uniu forças para buscar novas maneiras de armazenar dados.
Steven Martens e seus colegas desenvolveram um processo químico que permite que informações, como um texto ou um código QR, sejam armazenadas em forma de pó. Esta informação pode então ser lida por meio de um método bioquímico de análise.
"Aqui demonstramos o uso potencial de macromoléculas multifuncionais definidas por sequência como um meio de armazenamento de dados. Como uma prova de princípio, descrevemos como pequenos fragmentos de texto (dados legíveis por humanos) e códigos QR (dados legíveis por máquina) são codificados como uma coleção de oligômeros, e como os dados originais podem ser reconstruídos. Os oligômeros contendo amida-uretano são gerados usando um protocolo iterativo automatizado de dois passos, baseado na química da tiolactona," descreveu a equipe em seu artigo.
Como etapa final, dois programas foram escritos para tornar o processamento de informações mais rápido e automático. O primeiro programa, chamado Chemcoder - codificador químico -, garante que os dados das moléculas possam ser analisados em segundos. O segundo programa, chamado Chemreader - leitor químico -, automatiza o processo de tradução do código QR para as moléculas e vice-versa.
Os dois programas permitem registrar os dados e, a seguir, usar as informações armazenadas nas moléculas para fazer um link direto a um site, a um mapa da cidade ou a um aplicativo, por exemplo.
Em comparação com o armazenamento em DNA, muito mais difundido, esses polímeros portadores de informações digitais têm estruturas moleculares mais simples.
E, como são também mais robustos, potencialmente constituem uma base promissora para futuras tecnologias de armazenamento de dados.