Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/07/2023
Batólito na Lua
Cientistas identificaram uma misteriosa massa de granito que emite calor, enterrada sob a superfície do lado distante da Lua, o lado que não é visível da Terra.
Parece parte do enredo de 2001: Uma Odisseia no Espaço, em que a história da humanidade começa a mudar com a descoberta de um monólito na Lua.
Mas aqui é ciência real e, embora intrigante, é uma característica natural do nosso satélite, e não obra de seres desta ou de outra dimensão.
De fato, não se trata de um monólito, mas de um batólito. Também conhecido como plutonito, é uma grande massa de granito, um material que, na Terra, tem sua gênese associada à água e à tectônica de placas, dois elementos que não estão presentes na Lua.
"Esta descoberta é um batólito de 50 km de largura; Um batólito é um tipo de rocha vulcânica que se forma quando a lava sobe na crosta terrestre, mas não entra em erupção na superfície. El Capitan e Half Dome, em Yosemite, na Califórnia, são exemplos de rochas de granito semelhantes que subiram à superfície," contou a professora Rita Economos, do Instituto de Ciência Planetária, nos EUA.
Granito sem água e sem tectônica de placas
A descoberta foi feita por um grupo de cientistas planetários de vários países, que usaram dados das sondas espaciais Lunar Prospector e Lunar Reconnaissance, da NASA, e Chang'e 1 e 2, da China.
A região, entre as crateras Compton e Belkovich, tem uma temperatura 10 ºC acima da temperatura típica do restante da superfície lunar.
"Nós descobrimos um calor extra saindo do solo em um local na Lua que se acredita ser um vulcão extinto há muito tempo, que entrou em erupção há mais de 3,5 bilhões de anos. Ele tem cerca de 50 km de diâmetro e a única solução que podemos pensar que produz tanto calor é um grande corpo de granito, uma rocha que se forma quando um corpo de magma - a lava não erupcionada - abaixo de um vulcão esfria. O granito tem altas concentrações de elementos radioativos, como urânio e tório, em comparação com outras rochas da crosta lunar, causando o aquecimento que detectamos na superfície lunar," disse Matthew Siegler, membro da equipe.
Encontrar uma quantidade tão grande de granito abre a possibilidade de achados semelhantes em outros lugares sob a superfície da Lua. "Isso é mais parecido com a Terra do que imaginávamos que poderia ser produzido na Lua, que carece da água e das placas tectônicas que ajudam os granitos a se formarem na Terra. O que isso também mostra é que o sensoriamento remoto pode captar recursos ocultos, e isso será útil na exploração de outros corpos planetários do Sistema Solar," disse Siegler.