Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/09/2023
Meteorito interestelar
Depois de muitos boatos, a equipe do professor Abraham (Avi) Loeb, da Universidade de Harvard, publicou os primeiros resultados de sua pesquisa envolvendo os fragmentos de um suposto meteorito interestelar.
A equipe afirma ter encontrado os primeiros fragmentos de um meteorito interestelar, uma rocha que teria vindo de fora do Sistema Solar.
Em 8 de janeiro de 2014, sensores em satélites de observação do governo dos EUA detectaram três detonações atmosféricas em rápida sucessão, a cerca de 84 km ao norte da Ilha Manus, cerca de 20km além das águas territoriais de Papua Nova Guiné. O Comando Espacial dos EUA confirmou a detecção, embora nem todos os dados tenham sido disponibilizados para os estudiosos por serem considerados secretos.
Com base nos dados divulgados, a análise da trajetória do meteorito indica uma origem interestelar: Uma velocidade de chegada em relação à Terra superior a 45 km/s e um vetor rastreado fora do plano da eclíptica. Além disso, a velocidade do objeto em relação ao padrão de repouso da Via Láctea (60 km/s) era superior à de 95% das estrelas na vizinhança do Sol. "Os dados sobre a velocidade do meteoro são suficientemente precisos para indicar uma trajetória interestelar," afirmou a autoridade norte-americana.
Em busca do meteorito interestelar
A equipe do professor Loeb partiu então em busca de pedaços do meteorito que deveriam estar no fundo do mar. Para isso, eles projetaram um trenó magnético, que foi arrastado por um barco. "Aproximadamente 0,26 km2 do fundo do mar foram amostrados nesta pesquisa, centrado em torno do caminho calculado do bólido CNEOS 2014-01-08 (IM1) com áreas de controle ao norte e ao sul desse caminho," relatou a equipe.
O trenó encontrou cerca de 700 esférulas, com diâmetros entre 0,05 e 1,3 milímetro. Até o momento, 57 dessas pequenas esferas foram analisadas em laboratório, destacando-se cinco que apresentaram composições inesperadas em comparação com restos de meteoritos originários de asteroides do Sistema Solar.
Com isto, a equipe decidiu divulgar os resultados preliminares. "Nós analisamos apenas um décimo dos materiais, mas decidi divulgá-lo agora para que pudéssemos obter algum feedback da comunidade. Então, se houver algo que precisamos fazer de forma diferente ou se precisarmos compartilhar alguns materiais, podemos fazer isso," disse Loeb.
Os resultados
Analisadas com espectrometria de massa, as cinco esférulas mostraram-se particularmente ricas nos elementos berílio, lantânio e urânio, por isso os pesquisadores as chamam de esférulas BeLaU, a união dos símbolos dos três elementos.
As esférulas também apresentaram concentrações particularmente baixas de elementos que deveriam evaporar no calor extremo que um meteoro enfrenta ao passar pela atmosfera da Terra. Com isto, as composições das cinco esférulas não são consistentes com origens na Terra, na Lua ou em Marte - todas as outras 52 esférulas analisadas têm abundâncias de elementos consistentes com uma origem no Sistema Solar.
"Normalmente, quando você tem esférulas originadas de meteoros no Sistema Solar, suas abundâncias se desviam, no máximo, em uma ordem de magnitude [10 vezes]," disse Loeb. "Estas desviam-se por um fator de até 1000. Se combinarmos tudo o que sabemos... estou muito confiante de que elas vieram de um objeto interestelar."
"Nós sugerimos que o padrão de abundância 'BeLaU' pode ter-se originado de um oceano de magma altamente diferenciado de um planeta com núcleo de ferro fora do Sistema Solar ou de fontes mais exóticas," escreveu a equipe.