Com informações do ESO - 16/07/2021
Formação de estrelas
Astrônomos divulgaram novas observações de galáxias próximas da Via Láctea que parecem fogos de artifício cósmicos coloridos.
As imagens, obtidas com o auxílio do telescópio VLT, no Chile, mostram diferentes componentes das galáxias em cores distintas, permitindo que os astrônomos identifiquem a localização de estrelas jovens e o gás que elas aquecem ao seu redor.
E, ao combinar estas novas observações com dados do radiotelescópio ALMA, a equipe está ajudando a lançar uma nova luz sobre o que aciona o gás para formar estrelas.
Os astrônomos sabem que as estrelas nascem em nuvens de gás, mas o que dá origem à formação estelar, e como é que as galáxias como um todo participam neste processo, permanece um mistério. Para compreender este fenômeno, os pesquisadores observaram várias galáxias próximas com diversos telescópios, tanto a partir do solo como do espaço, mapeando as diferentes regiões galácticas envolvidas no nascimento das estrelas.
"Pela primeira vez conseguimos resolver unidades individuais de formação estelar para uma grande variedade de locais e ambientes em uma amostra que representa bem os diferentes tipos de galáxias," disse Eric Emsellem, do Observatório Europeu do Sul (ESO). "Podemos observar diretamente o gás que dá origem às estrelas, vemos as próprias estrelas jovens e testemunhamos sua evolução em várias fases".
Mistérios a desvendar
O que a equipe divulgou agora é o mais recente conjunto de imagens, obtidas com o instrumento MUSE (Multi-Unit Spectroscopic Explorer) montado no VLT. O instrumento permitiu observar estrelas-recém nascidas e o gás quente que as rodeia, o qual é iluminado e aquecido pelas próprias estrelas, tornando-se assim uma prova concreta da ocorrência de formação estelar.
O MUSE coleta espectros - os "códigos de barras" que os astrônomos analisam para desvendar as propriedades e natureza dos objetos cósmicos - em cada local dentro de seu campo de visão. Nesta campanha, o instrumento observou 30.000 nebulosas de gás quente e coletou cerca de 15 milhões de espectros de diferentes regiões galácticas. As observações ALMA, por sua vez, permitiram mapear cerca de 100.000 regiões de gás frio em 90 galáxias próximas, produzindo um atlas de berçários estelares do Universo próximo com uma nitidez sem precedentes.
Ao combinar imagens MUSE e ALMA, os astrônomos conseguiram examinar as regiões galácticas onde a formação de estrelas está acontecendo e compará-las aos locais onde se espera que este fenômeno ocorra, para entender melhor o que desencadeia, aumenta ou impede o nascimento de novas estrelas.
"Há tantos mistérios que queremos desvendar," comentou Kathryn Kreckel, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha. "Será que as estrelas nascem mais frequentemente em regiões específicas das suas galáxias hospedeiras - e, se sim, por quê? E, após o seu nascimento, será que a sua evolução influencia a formação de novas gerações de estrelas?"