Com informações da SBF - 07/05/2012
Os físicos e a indústria
Já faz anos que o governo brasileiro tenta estimular uma indústria nacional de alta tecnologia, permeada pelo conceito de inovação.
Uma contribuição importante para isso acaba de ser lançada pela comunidade científica.
O trabalho pode ajudar a fazer essa "ligação direta" entre pesquisa e indústria, colaborando para um planejamento estratégico efetivo.
O relatório A Física e o desenvolvimento nacional" é fruto de um trabalho que envolveu a produção de um livro sobre as perspectivas dos diversos ramos da física no Brasil nos próximos cinco anos e a realização de dois grandes workshops, ocorridos entre o fim do ano passado e fevereiro deste ano com a participação de pesquisadores, representantes do governo e grandes player corporativos.
Sua meta básica é diagnosticar os desafios e apontar soluções para introduzir melhor os físicos - e o potencial inovador que vem com eles - na indústria brasileira.
"É um passo fundamental, ainda que inicial, para que consigamos alavancar essa relação tão importante para o futuro do país", diz Celso de Melo, presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF). "Esperamos que a este relatório sigam-se outros, de forma que tenhamos subsídios para um planejamento estratégico efetivo e sempre atual para a Física brasileira, em favor do desenvolvimento."
Censo da Física no Brasil
O estudo fundamenta-se em um detalhado censo, que retrata a atual organização da comunidade de física no Brasil. Estima-se que haja 10.000 físicos hoje no Brasil.
O censo revelou como ainda há espaço para expansão da presença de cientistas dentro das grandes empresas.
Dos 2.651 mestres e doutores com emprego formal no Brasil, apenas cerca de 270 exerciam atividades na área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em empresas ou entidades sem fins lucrativos.
"Estes físicos, em sua maioria, atuavam em setores prioritários da política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior. As principais ocupações se relacionavam com atividades econômicas associadas à indústria extrativa e à de transformação, atividades profissionais científicas e técnicas e à defesa, sendo que o número de físicos nas três primeiras áreas correspondia a cerca de 10% do de engenheiros", diz o relatório.
O mapeamento da comunidade mostrou que há um equilíbrio entre físicos teóricos e experimentais - 35% do total nos dois casos -, com outros 26% dedicados ao ensino. Os 4% remanescentes se encontram em atividades de gestão.
Responsabilidade científica
Durante muito tempo, a comunidade científica simplesmente ignorou sua baixa presença na indústria, argumentando simplesmente que não havia interesse por parte do setor produtivo.
"Era como se os físicos fossem os heróis e salvadores da pátria e a indústria que teria ficado devendo o dever de casa", afirma Eduardo do Couto e Silva, físico do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e coordenador do estudo.
"Não é bem assim. É uma questão de necessidade do país o fomento da ciência e tecnologia aliado ao aumento de competitividade das empresas. Todos que podem contribuir diretamente, como é o caso da física, deveriam fazê-lo pelo interesse de ter um país melhor. Não é simplesmente olhar para a indústria, importante também é a física perceber que pode ter um impacto na vida dos brasileiros."
Recomendações
Para permitir esses avanços, o documento sugere caminhos a serem trilhados, por meio de recomendações claras e de implementação rápida.
São elas:
O estudo completo está disponível para download.