Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/03/2019
Exciton quiral de superfície
Físicos descobriram uma forma exótica de elétron que pode levar a avanços em iluminação, células solares, lasers e telas eletrônicas.
Girando como planetas, esses elétrons consistem de partículas e "antipartículas" orbitando em torno umas das outras na superfície de materiais sólidos - não se trata de antimatéria, mas de partículas com cargas opostas.
Essas partículas exóticas - ou quasipartículas - foram batizadas de "excitons quirais de superfície".
Excitons se formam quando uma luz intensa atinge um sólido, chutando elétrons carregados negativamente de suas posições e deixando para trás lacunas positivamente carregadas - os elétrons ejetados formam plásmons de superfície, outra quasipartícula de grande interesse tecnológico.
Quiral refere-se a entidades, como suas mãos direita e esquerda, que correspondem, mas são assimétricas, não podendo uma ser sobreposta à sua imagem espelhada. A quiralidade da nova quasipartícula depende da polarização da luz que a produz.
Os elétrons e lacunas gerados nesse processo se assemelham a piões girando rapidamente. Os elétrons (cargas negativas) eventualmente "espiralam" em direção às lacunas (cargas positivas), aniquilando um ao outro em menos de um trilionésimo de segundo, o que resulta na emissão de um tipo de luz chamada fotoluminescência.
A fotoluminescência está envolvida em inúmeras aplicações tecnológicas, como células solares, lasers, LEDs, telas etc. Assim, a produção controlada de luz pela produção de excitons quirais de superfície poderá eventualmente ser explorada em todos esses dispositivos.
Seleneto de bismuto
Hsiang-Hsi Kung e seus colegas da Universidade Rutgers, nos EUA, descobriram os excitons quirais na superfície de um cristal chamado seleneto de bismuto, que pode ser produzido em larga escala e usado em revestimentos e outros materiais em eletrônica - tudo a temperatura ambiente.
Esse cristal já havia sido usado para sintetizar uma substância bizarra que unifica a spintrônica e a computação quântica. E, em sua superfície, também foi descoberto, em 2013, um então inédito acoplamento entre fóton e elétron, unindo matéria e energia.
"O seleneto de bismuto é um composto fascinante que pertence a uma família de materiais quânticos chamados 'isolantes topológicos'. Eles têm vários canais na superfície que são altamente eficientes na condução de eletricidade," contou o professor Girsh Blumberg.
A dinâmica dos excitons quirais ainda não está clara e a equipe pretende a seguir usar imagens ultrarrápidas para estudá-la a fundo. Eles também avaliam que os excitons quirais de superfície poderão ser encontrados em outros materiais.