Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/01/2020
Resistência e tenacidade
Superando o histórico conflito entre alta resistência e tenacidade no design de materiais, pesquisadores alemães conseguiram finalmente fabricar um fio polimérico sintético com propriedades mecânicas raramente vistas fora do mundo natural.
O desenvolvimento promete abrir novos caminhos para o projeto e fabricação de fibras poliméricas biomiméticas fortes e resistentes, úteis em uma ampla variedade de aplicações, incluindo biomedicina, tecnologia espacial e têxtil.
Para a maioria dos materiais sintéticos, existe um equilíbrio excludente entre resistência e tenacidade, uma limitação que representa um desafio tecnológico de longa data, cuja solução promete a criação de novas classes de materiais avançados.
A seda de aranha natural, por exemplo, é tipicamente citada por sua resistência incomparável à deformação (alta resistência) e à fratura (alta tenacidade); no entanto, a capacidade de criar fibras sintéticas que imitem as propriedades mecânicas das fibras naturais das aranhas tem-se mostrado um desafio difícil de superar.
Nanofibras sintéticas individuais, que são simultaneamente fortes e resistentes, já foram criadas a partir de polímeros pelo processo de eletrofiação, mas os fios são extremamente finos e não se mostraram adequados até agora para aplicações no mundo real.
Seda de aranha artificial
Xiaojian Liao e seus colegas da Universidade de Bayreuth resolveram o problema modificando o processo de fabricação baseado na eletrofiação. Em seus experimentos, eles usaram fios de co-metilacrilato de poliacrilonitrila modificados com uma pequena quantidade de poli(bisazida de etileno glicol (PEG-BA)).
A seguir, os fios foram esticados sob calor e deixados esfriar lentamente sob tensão.
Segundo os autores, esse processo de recozimento alinha as pequenas fibras do fio e as interliga através das moléculas PEG-BA, dando ao fio resultante propriedades comparáveis às da seda de aranha natural.
A equipe pretende partir agora para fabricar quantidades maiores do material e testar seu uso em aplicações reais. O desenvolvimento contou com a participação da química brasileira Juliana Martins de Souza, formada pela Unicamp.