Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/08/2020
Fibras de nanotubos
Não, ainda não conseguimos produzir fibras de nanotubos de carbono com as dimensões das fibras sintéticas industriais, mas pelo menos descobrimos duas coisas importantes sobre elas.
A primeira é que parece não haver um limite fundamental que impeça esse escalonamento, passando dos microscópicos nanotubos para cabos de aço tão fortes que permitirão a construção de elevadores espaciais.
A segunda é que, mesmo sendo feitas unicamente de carbono, essas fibras poderão ser tão boas condutoras de eletricidade quanto o cobre, o material mais usado hoje na transmissão de eletricidade.
Lauren Taylor, da Universidade Rice, nos EUA, descobriu isso construindo as maiores fibras de nanotubos já fabricadas até agora sem perder as qualidades dos nanotubos individuais.
Embora ainda sejam pequenas - elas têm uma seção de 12 micrômetros - elas superaram um dos materiais comerciais mais fortes que existem e ainda transmitiram eletricidade com uma eficiência próxima à do cobre.
"O objetivo deste artigo é apresentar as propriedades recordes das fibras produzidas em nosso laboratório," disse Taylor. "Essas melhorias significam que agora estamos ultrapassando o Kevlar em termos de resistência, o que para nós é uma grande conquista. Com apenas mais uma duplicação, ultrapassaremos as fibras mais fortes do mercado."
Resistência e condutividade
As fibras flexíveis apresentaram uma resistência à tração de 4,2 gigapascais (GPa), em comparação com 3,6 GPa das fibras de Kevlar.
E a condutividade atingiu 10,9 megasiemens (milhões de siemens) por metro, também um marco, porque é a primeira vez que uma fibra de nanotubo de carbono ultrapassa o limite de 10 megasiemens - em termos de peso, as fibras de nanotubos atingem cerca de 80% da condutividade do cobre, mas já superaram a platina.
A fabricação dessas fibras requer nanotubos longos e com alta cristalinidade, isto é, matrizes regulares de anéis de átomos de carbono com poucos defeitos. A equipe conseguiu isto com uma solução ácida, que ajuda a reduzir as impurezas que podem interferir na resistência da fibra, além de aumentar as propriedades metálicas dos nanotubos por meio de dopagem residual.
"Há uma noção de que os nanotubos de carbono nunca serão capazes de obter todas as propriedades que as pessoas têm alardeado há décadas," comentou Taylor. "Mas estamos obtendo bons ganhos ano após ano. Não é fácil, mas ainda acreditamos que esta tecnologia vai mudar o mundo."