Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/12/2020
Instabilidade magnetorrotacional
Cientistas estão se preparando para simular em laboratório um dos ambientes mais extremos do Universo: A mistura de poeira e plasma que dá origem a estrelas e planetas.
A ideia é comprovar experimentalmente as explicações teóricas mais aceitas hoje sobre como uma nuvem de poeira no espaço pode se juntar - o termo técnico é coalescer - para formar um corpo celeste.
A grande dúvida que paira sobre a teoria é como esse material se agrega se não há um corpo gravitacional inicial que possa atrair o plasma e a poeira para iniciar o processo de aglomeração.
Os cientistas acreditam que tudo deve começar com nuvens que giram por ação de corpos celestes distantes, e esse giro deve dar origem à aglomeração quando surgem instabilidades em sua estrutura - esses desarranjos são chamados "instabilidades magnetorrotacionais".
Nas simulações de computador a coisa funciona, mas, para comprovar a possibilidade na prática, eles estão construindo dois cilindros concêntricos, ambos cheios de fluidos, que vão girar em velocidades diferentes.
O dispositivo tenta replicar as instabilidades magnetorrotacionais que se acredita fazerem as nuvens rodopiantes gradualmente perderem seu momento angular e colapsarem, criando os corpos celestes, que então seguem crescendo, inicialmente seguindo o mesmo princípio e, mais tarde, pela sua atração gravitacional.
Sem ambiguidades
O sistema, proposto pelo físico Himawan Winarto, deverá medir a força do campo magnético radial - ou circular - que o cilindro interno giratório vai gerar. Uma vez que a intensidade do campo se correlaciona fortemente com as instabilidades turbulentas esperadas, as medições podem ajudar a localizar a fonte da turbulência.
"Nosso objetivo geral é mostrar ao mundo que vimos sem ambiguidades o efeito da instabilidade magnetorrotacional no laboratório," disse o físico Erik Gilson, do Laboratório Princeton de Física do Plasma, nos EUA. "O que Himawan está propondo é uma nova maneira de olhar nossas medições para chegar à essência da instabilidade magnetorrotacional."
A equipe acredita estar na etapa final de configuração do experimento, para que ele possa começar a coletar dados científicos.