Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/07/2014
O planeta sumiu
Aquele que foi apontado como o primeiro exoplaneta na zona habitável a ser descoberto provavelmente nunca existiu.
O Gliese 581d - "d" indica o quarto planeta descoberto em torno da estrela Gliese 581 - foi descoberto em 2007 por meio de uma técnica chamada velocidade radial, que calcula o "balanço" que a gravidade dos planetas induz em suas estrelas.
Agora, Paul Robertson e seus colegas da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, melhoraram a técnica de análise dos dados coletados de cada estrela - o seu espectro eletromagnético - de forma a levar em conta as atividades da própria estrela em seu "balanço".
O algoritmo reforçou o sinal dos planetas que realmente existem, e sumiu com os sinais que os pesquisadores chamam de "falsos positivos" - entre eles o Gliese 581d e seu vizinho "g" - o g até então era considerado apenas um "candidato a planeta", um sinal que chamou a atenção dos astrônomos, mas ainda sem confirmação.
Novas técnicas
A equipe espera que seu novo algoritmo seja utilizado por outros pesquisadores para checar outras estrelas e seus planetas, levando tanto à melhoria da técnica de análise que eles estão propondo, quanto ao descarte de outros falsos positivos.
O algoritmo agora apresentado poderá ser melhorado, por exemplo, checando seus resultados com os exoplanetas descobertos por outras técnicas, como o trânsito, que mede a variação da luz da estrela quando o planeta passa à sua frente em relação à Terra, e a microlente gravitacional, a técnica que permite a descoberta dos menores exoplanetas, mais ou menos do tamanho da Terra.
Ainda não é possível estimar o quanto os resultados impactarão na população conhecida de exoplanetas porque a nova técnica de análise tanto elimina os falsos positivos, quanto reforça os sinais reais, o que poderá promover vários candidatos a planetas de fato.
Não é a primeira vez que exoplanetas pretensamente descobertos são apagados dos registros. O Fomalhaut b, por exemplo, considerado o primeiro exoplaneta a ser fotografado, mostrou ser nada além de uma bolha de poeira.
Instrumentos mais recentes, como o Sphere, instalado no VLT, e o GPI, instalado no telescópio Gemini Sul, também vão ajudar a eliminar as dúvidas e reforçar as descobertas porque vão fotografar diretamente os planetas.