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Exoplaneta Ross 128b pode ser habitável, mas não é gêmeo da Terra

Com informações do ON - 11/07/2018

Exoplaneta Ross 128b pode ser habitável, mas não é gêmeo da Terra
Vários sistemas planetários em torno de anãs vermelhas têm sido notícia recentemente, incluindo Proxima b, um planeta que orbita a estrela mais próxima de nosso próprio Sol, a Próxima Centauro, e os sete planetas da estrela TRAPPIST-1, um sistema que não é muito maior do que Júpiter.
[Imagem: ESO/M. Kornmesser]

Irmão, gêmeo não

O exoplaneta Ross 128b pode realmente ter características viáveis para abrigar vida, mas também possui marcadas diferenças em relação à Terra.

Esta é a conclusão de uma equipe internacional coordenada por astrônomos do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, que analisou as características físico-químicas desse exoplaneta que está vindo em nossa direção e que é o mais próximo de nós em torno de uma estrela anã vermelha.

O sistema extrassolar Ross 128 ficou famoso por apresentar estranhos sinais variáveis que chegaram a ser apontados como sinais de vida extraterrestre.

Exoplaneta potencialmente habitável

Diogo Souto e seus colegas realizaram um estudo detalhado das propriedades da estrela visando compreender melhor o exoplaneta Ross 128b, descoberto em 2017.

O planeta tem massa equivalente à da Terra, está localizado na zona habitável da sua estrela e tem uma temperatura média na superfície da ordem de 21ºC. Outro fator de interesse é que ele está muito próximo da Terra, a 10 anos-luz, algo por volta de 95 trilhões de quilômetros.

"Desenvolvemos um estudo detalhado das propriedades físico-químicas da estrela Ross 128 com o intuito de inferir propriedades sobre o exoplaneta Ross 128b e, assim, conhecê-lo melhor. Para tal, usamos modelos de formação planetária e verificamos que o exoplaneta deve ser composto por minerais similares aos da Terra, no entanto, com um núcleo um pouco maior," explicou Diogo Souto.

A radiação que Ross 128b recebe de sua estrela é similar à que a Terra recebe do Sol porque a Ross 128 é uma anã vermelha, um tipo de estrela mais fria do que o Sol; a estrela Ross 128 tem temperatura de 2958 ºC, quase a metade do nosso Sol (5.499ºC); Ross 128b está a uma distância de 6 milhões de quilômetros de sua estrela, enquanto a Terra está a 150 milhões de quilômetros do Sol, aproximadamente.

"Um dos diferenciais entre as estrelas é a abundância dos seus elementos químicos. A composição química da estrela Ross 128 é, de certa forma, parecida com a do Sol. Neste estudo, conseguimos estudar a assinatura de oito elementos: carbono, oxigênio, magnésio, alumínio, potássio, cálcio, titânio e ferro. As proporções entre alguns destes elementos como Fe/Mg, Ca/Mg e Al/Mg são parecidas com o que observamos no Sol e na Terra, e, segundo nossa análise, também são similares ao exoplaneta Ross 128b. Com isso, temos indícios de que a formação e a composição de Ross 128b sejam parecidas com a da Terra," detalhou Diogo.

Os dados indicam que Ross 128b tem uma massa mínima 30% superior à massa terrestre, enquanto o seu raio é 10% maior que o da Terra. A razão entre a massa e o raio deste exoplaneta o coloca no grupo de planetas rochosos, assim como a Terra.

Só parecido

Mas há outras diferenças entre os dois planetas, indicando que o Ross 128b não é exatamente um gêmeo da Terra, como se apontara inicialmente: "Verificamos também que não há indicativo de um forte campo magnético em Ross 128, o que poderia reduzir as suas chances de habitabilidade," explicou Diogo.

"Embora o Ross 128 b não seja um gêmeo da Terra, e ainda há muito que não sabemos sobre seu potencial de atividade geológica, fomos capazes de reforçar o argumento de que é um planeta temperado que poderia ter água líquida em sua superfície," finalizou o pesquisador.

Bibliografia:

Artigo: Stellar and Planetary Characterization of the Ross 128 Exoplanetary System from APOGEE Spectra
Autores: Diogo Souto, Cayman T. Unterborn, Verne V. Smith, Katia Cunha, Johanna Teske, Kevin Covey, Bárbara Rojas-Ayala, D. A. García-Hernández, Keivan Stassun, Olga Zamora, Thomas Masseron, J. A. Johnson, Steven R. Majewski, Henrik Jönsson, Steven Gilhool, Cullen Blake, Felipe Santana
Revista: The Astrophysical Journal
Vol.: 860 (1): L15
DOI: 10.3847/2041-8213/aac896
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