Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/01/2022
Exoplaneta extremo
Assim como a Terra tem uma camada de ozônio, o exoplaneta WASP-189b tem uma camada de titânio.
O WASP-189b, localizado a 322 anos-luz da Terra, é talvez o mais extremo dos cerca de 4.300 exoplanetas confirmados até hoje.
O planeta está muito próximo da sua estrela hospedeira (HD 133112), com um ano que dura 2,7 dias - o tempo que leva para o planeta orbitar a estrela. Essa proximidade faz com que sua temperatura diurna alcance 3.200 ºC.
Esse exotismo chamou a atenção dos astrônomos, que empreenderam uma campanha de observação envolvendo várias instituições e vários instrumentos.
Os dados mostram que a atmosfera do WASP-189b é igualmente extrema, formada por uma série de camadas.
"Medimos a luz vinda da estrela hospedeira e passando pela atmosfera do planeta. Os gases em sua atmosfera absorvem parte da luz da estrela, semelhante ao ozônio absorvendo parte da luz solar na atmosfera da Terra e, assim, deixam sua característica 'impressão digital'. Com a ajuda do HARPS, conseguimos identificar as substâncias correspondentes," explicou a astrônoma Bibiana Prinoth, da Universidade Lund, na Suécia - HARPS é um espectrógrafo montado no Observatório de La Silla, no Chile.
Camada atmosférica de titânio
Uma substância particularmente interessante que a equipe encontrou é um gás contendo titânio: O óxido de titânio.
Embora o óxido de titânio seja muito escasso na Terra, ele pode desempenhar um papel importante na atmosfera do WASP-189b - semelhante ao do ozônio na atmosfera da Terra. O titânio tem ponto de fusão de 1.668 °C, o que é bastante "frio" para a atmosfera do exoplaneta.
"O óxido de titânio absorve radiação de ondas curtas, como a radiação ultravioleta. Sua detecção poderia, portanto, indicar uma camada na atmosfera do WASP-189b que interage com a irradiação estelar de forma semelhante à camada de ozônio na Terra," disse o professor Kevin Heng, da Universidade de Berna, na Suíça.
De fato, os dados mostram indícios não apenas da camada de titânio, mas também de outras camadas, onde foram identificados elementos como ferro, cromo, vanádio, magnésio e manganês.
"Estamos convencidos de que, para podermos compreender plenamente esses e outros tipos de planetas - inclusive os mais parecidos com a Terra - precisamos avaliar a natureza tridimensional de suas atmosferas. Isso requer inovações nas técnicas de análise de dados, modelagem computacional e teoria atmosférica," concluiu Heng.