Com informações da New Scientist - 02/04/2015
Rajadas rápidas de rádio
No filme Contato, baseado no livro de Carl Sagan, quando astrônomos do projeto SETI recebem sinais de rádio vindos das proximidades da estrela Vega, em um instante eles estão cercados de militares e repórteres, provocando uma comoção mundial.
A realidade é bem menos cinematográfica, mas os astrônomos e astrofísicos estão igualmente às voltas com uma série de sinais de rádio para os quais até agora não há nenhuma explicação.
Os radiotelescópios têm captado as chamadas RRRs - "rajadas rápidas de rádio" (ou FRB: fast radio bursts) - desde 2001.
Já são 10 até agora, mas as coisas ficaram mais emocionantes em 2014, quando o Telescópio Parkes, na Austrália, captou a primeira RRR "ao vivo" - todas as demais foram identificadas quando os dados gravados eram analisados.
E a "coisa" é espantosamente forte: embora dure apenas alguns milissegundos, cada RRR tem praticamente a mesma energia que o Sol libera durante um mês.
Precisão matemática
Ninguém sabe o que causa essas rajadas - menos ainda se são mensagens alienígenas.
O mais interessante, contudo, é que todas as RRRs ajustam-se a um padrão que não bate com nada do que sabemos hoje sobre a física cósmica.
E não é só isso: uma nova análise acaba de revelar que todas as rajadas de rádio detectadas até agora têm medidas de dispersão que são múltiplas de um único número: 187,5.
Segundo Michael Hippke e seus colegas, há duas explicações prováveis para esse alinhamento caprichoso.
A primeira seria a existência de cinco fontes para as rajadas, todas de distâncias regularmente espaçadas da Terra, a bilhões de anos-luz de distância.
A outra, que eles consideram mais provável, é que as RRRs vêm de algum lugar muito mais perto de nós, de um grupo de objetos dentro da Via Láctea que emitiriam ondas de rádio, primeiro de alta frequência e, logo a seguir, de baixa frequência, com um retardo que é um múltiplo exato de 187,5.
Humana ou alienígena
Contudo, onde quer que a fonte, ou as fontes das emissões, estejam localizadas, falta descobrir o que gera as emissões.
Uma das possibilidades é a existência de corpos celestes ainda desconhecidos que tenham emissões com essas características - os pulsares emitem rajadas de ondas de rádio, mas não com a intensidade das RRRs e nem com um arranjo tão preciso.
Outra possibilidade seria um satélite espião ainda não descoberto emitindo pulsos extremamente intensos, com uma precisão caprichosa, por razões igualmente ainda não imaginadas.
Mas os três pesquisadores concluem seu estudo com uma terceira possibilidade: se nenhuma explicação natural for confirmada, "uma fonte artificial (humana ou não-humana) deve ser considerada".