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Estrela mais distante já vista é fotografada pelo Hubble

Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/03/2022

Estrela mais distante já vista é fotografada pelo Hubble
Região do céu com 1/250 de arco, mostrando a estrela Earendel, a mais distante já fotografada.
[Imagem: NASA/ESA/Brian Welch (JHU)/Dan Coe (STScI)/Alyssa Pagan (STScI)]

Estrela mais distante já vista

O telescópio espacial Hubble bateu seu próprio recorde ao fotografar a estrela mais distante já vista: Ela deve estar hoje a 28 bilhões de anos-luz da Terra.

A estrela, que pode ter uma massa até 500 vezes maior que a do Sol, foi batizada de Earendel, um termo em inglês antigo que significa "estrela da manhã", ou "luz nascente".

Mas como é possível que uma estrela esteja nessa distância se a idade do Universo é muito menor, cerca de 13,7 bilhões de anos?

"Quando a luz que vemos de Earendel foi emitida, o Universo tinha menos de um bilhão de anos, apenas 6% de sua idade atual. Naquela época, ela estava a 4 bilhões de anos-luz da proto-Via Láctea.

"Mas, durante os quase 13 bilhões de anos que a luz levou para chegar até nós, o Universo se expandiu e ela agora está a impressionantes 28 bilhões de anos-luz de distância," explicou astrônoma Victoria Strait, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.

Desta forma, quanto mais longe olhamos o cosmos, também olhamos para trás no tempo. "Então essas observações extremas de alta resolução nos permitem entender os blocos de construção de algumas das primeiras galáxias," acrescentou Strait.

Estrela mais distante já vista é fotografada pelo Hubble
Região da estrela ampliada digitalmente.
[Imagem: NASA/ESA/Brian Welch (JHU)/Dan Coe (STScI)/Peter Laursen (DAWN)]

Lentes gravitacionais

A observação de uma estrela individual tão distante teve um componente de sorte, dependendo de um alinhamento fortuito de um enorme aglomerado de galáxias, que gerou o fenômeno conhecido como lente gravitacional.

Quanto olha para o céu noturno, todas as estrelas que você vê estão dentro da nossa própria galáxia, a Via Láctea. Mesmo com os telescópios mais poderosos, em circunstâncias normais, estrelas individuais só podem ser identificadas nas galáxias vizinhas mais próximas. Em geral, galáxias distantes são vistas como a luz misturada de bilhões de estrelas.

À medida que a luz passa perto de objetos de grande massa - aglomerados de galáxias, neste caso - seu caminho segue a curvatura do espaço induzido pela gravidade desses objetos, mudando de direção. Se um objeto massivo estiver entre nós e uma fonte de luz de fundo distante, o objeto pode desviar e focar a luz em nossa direção como uma lente, amplificando sua intensidade.

Galáxias são rotineiramente descobertas por meio desse método, depois de terem sua luz ampliada várias vezes.

Mas, em uma coincidência cósmica surpreendente, as galáxias em um aglomerado chamado WHL0137-08 se alinharam de forma a focar a luz de uma única estrela em nossa direção, ampliando sua luz milhares de vezes.

A combinação dessa lente gravitacional e de nove horas de tempo de exposição com o telescópio espacial Hubble permitiu que uma equipe internacional de astrônomos detectasse a estrela.

Estrela mais distante já vista é fotografada pelo Hubble
A estrela foi vista graças ao fenômeno da lente gravitacional.
[Imagem: L. Hustak/STScI]

Novas observações

O registro anterior de estrela mais distante era de uma estrela vista quando o Universo tinha cerca de um terço da sua idade atual, época em que a maior parte da sua estrutura já havia se formado e evoluído. Então, Earendel é realmente um recorde marcante.

No entanto, Earendel poderia, em princípio, ser mais de uma estrela, localizadas muito próximas uma da outra. Para testar se esse é o caso, a equipe solicitou - e já recebeu - tempo de observação com o recém-lançado telescópio espacial James Webb.

Bibliografia:

Artigo: A Highly Magnified Star at Redshift 6.2
Autores: Brian Welch, Dan Coe, Jose M. Diego, Adi Zitrin, Erik Zackrisson, Paola Dimauro, Yolanda Jiménez-Teja, Patrick Kelly, Guillaume Mahler, Masamune Oguri, F. X. Timmes, Rogier Windhorst, Michael Florian, S. E. de Mink, Roberto J. Avila, Jay Anderson, Larry Bradley, Keren Sharon, Anton Vikaeus, Stephan McCandliss, Marusa Bradac, Jane Rigby, Brenda Frye, Sune Toft, Victoria Strait, Michele Trenti, Soniya Sharma, Felipe Andrade-Santos, Tom Broadhurst
Revista: Nature
Vol.: 603, pages 815-818
DOI: 10.1038/s41586-022-04449-y
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