Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/06/2022
Disco excêntrico
O radiotelescópio móvel ALMA, cujas antenas se espalham pelos planaltos andinos no Chile, revelou mais um desses mistérios cósmicos que nem as mais corajosas hipóteses científicas se arriscam a prever.
Ao observar o disco de detritos ao redor da estrela HD 53143, em vez de um disco de detritos com o formato de um anel e salpicado com torrões de poeira, o que o ALMA revelou foi um inesperado disco excêntrico e com o mais complicado padrão de detritos visto até hoje.
A HD 53143 é uma estrela semelhante ao Sol, com idade de cerca de um bilhão de anos, localizada a 59,8 anos-luz da Terra, na constelação de Carina.
Os discos de detritos tipicamente têm uma forma de anel, com a estrela localizada no centro do disco, ou bem perto do centro. Mas o disco da HD 53143 é fortemente excêntrico, o que faz com que a estrela esteja localizada em um dos focos da elipse, muito longe do centro.
"Até agora, os cientistas nunca tinham visto um disco de detritos com uma estrutura tão complicada. Além de ser uma elipse com uma estrela em um foco, ele provavelmente também tem um segundo disco interno, que está desalinhado ou inclinado em relação ao disco externo," disse Meredith MacGregor, da Universidade do Colorado em Boulder.
"Para produzir essa estrutura, deve haver um planeta ou planetas no sistema que estão perturbando gravitacionalmente o material no disco," completou.
Excentricidade cósmica
Esse nível de excentricidade torna este disco o mais excêntrico observado até hoje, sendo duas vezes mais excêntrico que o disco de detritos da estrela Fomalhaut, na constelação de Peixes.
"Em geral, não esperamos que os discos sejam muito excêntricos, a menos que algo, como um planeta, os esculpa e os force a serem excêntricos. Sem essa força, as órbitas tendem a circularizar, como o que vemos em nosso próprio Sistema Solar," disse MacGregor.