Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/03/2022
Estranhos círculos de rádio
Astrônomos conseguiram novas informações sobre alguns do objetos mais misteriosos do Universo, fontes que emitem fortíssimas radiações na frequência de rádio, mas que ninguém sabe ainda o que são.
A mais misteriosa dessas fontes são os "estranhos círculos de rádio", também conhecidos pela sigla em inglês ORCs (odd radio circles).
Descobertos em 2020 pelo radiotelescópio ASKAP, na Austrália, essas formações circulares são mesmo estranhas porque só parecem emitir sinais de radiofrequência, não aparecendo quando os astrônomos procuraram por eles usando telescópios ópticos, infravermelhos ou de raios X.
Além disso, tudo o que se sabe é que eles são quase perfeitamente circulares, são mais fortes em suas bordas - indicando algum tipo de explosão inicial -, tipicamente têm uma galáxia em seu centro e são enormes, cerca de um milhão de anos-luz de diâmetro, o que é 16 vezes maior que a nossa Via Láctea.
Explicações possíveis para os ORCs
Agora, Ray Norris liderou uma equipe internacional que usou vários radiotelescópios para observar os cinco ORCs conhecidos até agora.
Isso permitiu eliminar explicações concorrentes - o que incluía gargantas de buracos de minhoca - e manter apenas três possibilidades principais.
Segundo estas novas observações, os estranhos círculos de rádio podem ser:
Para realmente entender os estranhos círculos de rádio, os astrônomos precisarão esperar pela construção de radiotelescópios ainda mais sensíveis, como o Observatório SKA, que é apoiado por mais de uma dúzia de países.
"Sem dúvida, os telescópios SKA, uma vez construídos, encontrarão muito mais ORCs e poderão nos contar mais sobre o ciclo de vida das galáxias," disse o professor Norris.
Rajadas rápidas de rádio
A outra novidade diz respeito às mais famosas rajadas rápidas de rádio, ou FRBs na sigla em inglês (fast radio bursts).
Franz Kirsten e colegas da Universidade Chalmers de Tecnologia, na Suécia, descobriram que a FRB FRB-20200120E, observada pela primeira em 2020 na constelação da Ursa Maior, parece estar localizada dentro de um denso aglomerado de estrelas antigas.
Isso é uma surpresa porque as teorias mais aceitas sugerem que as FRBs seriam emitidas por estrelas de nêutrons chamadas magnetares, que não deveriam estar presentes em aglomerados de estrelas antigas.
Observadas pela primeira vez em 2007, as rajadas rápidas de rádio são pulsos curtos e intensos de ondas de rádio de origem desconhecida. Como elas são imprevisíveis, têm-se mostrado notoriamente difíceis de estudar.
Para não jogar fora todo o esforço até agora para resolver o enigma, Kirsten e seus colegas afirmam então ser possível que os magnetares também possam ser formados por estrelas antigas.
Fontes magnéticas
Enquanto isso, e reforçando a ideia dos magnetares, Kenzie Nimmo e colegas do Instituto de Astronomia do Países Baixos descobriram uma rajada rápida de rádio brilhando em pulsos muito curtos, na casa dos nanossegundos, e muitos fortes.
Como resultado, a equipe diz que a FRB-20200120E, a mesma observada pela equipe da Suécia, preenche a lacuna entre os sinais vistos de pulsares e magnetares jovens na Via Láctea e as rajadas mais poderosas emitidas por FRBs extragalácticas distantes.
Isso sugere que esses fenômenos compartilham um mecanismo comum de emissão de energia magnética, que pode operar em uma ampla gama de escalas de tempo e luminosidades.