Com informações da Agência Fapesp - 11/09/2014
Espectrógrafo de alta resolução
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), em Itajubá (MG), estão concluindo a construção do primeiro espectrógrafo de alta resolução feito no Brasil.
O equipamento - denominado Steles (Soar Telescope Èchelle Spectrograph) - deverá ser instalado ainda no início de 2015 no telescópio SOAR (Southern Observatory for Astrophysical Research), no Chile.
O SOAR é fruto de um consórcio internacional que reúne parceiros brasileiros, norte-americanos e chilenos.
Espectroscopia
"A espectroscopia de alta resolução é uma técnica que permite captar a luz do corpo celeste em observação - seja ele uma estrela, uma nebulosa ou uma galáxia - e separá-la em seus diversos comprimentos de onda. Dessa forma, é possível perceber as linhas de absorção da luz pelos diversos elementos químicos que constituem o objeto de estudo", explica Bruno Vaz Castilho, diretor do LNA e coordenador da equipe que projetou e montou o instrumento.
Por meio do estudo das linhas de absorção da luz, os astrônomos conseguem calcular, por exemplo, a quantidade de cálcio, ferro, titânio e outros elementos existentes na atmosfera de um corpo celeste.
Também é possível descobrir sua massa, raio, gravidade, temperatura, velocidade de rotação e a existência de outros planetas ou estrelas em seu entorno.
"É uma técnica muito valiosa para a astronomia e equipamentos cada vez mais eficientes vêm sendo desenvolvidos em todo o mundo. O Steles conta com tecnologia de ponta, terá altíssima resolução e conseguirá captar a maioria dos fótons que chegarem até ele", avaliou Castilho.
Sem fila de espera
Segundo Castilho, o equipamento custou R$ 2,5 milhões: "Para importar um equipamento equivalente, o custo não seria inferior a R$ 4 milhões. Além de mais caros, os espectrógrafos de alta resolução com tecnologia semelhante costumam ser maiores e mais pesados."
Composto por mais de 5 mil peças, cada uma projetada pelos pesquisadores do LNA, o Steles começou a ser concebido em 2003. Mas a construção, de fato, teve início apenas em 2008.
"O Steles permitirá fazer a ciência avançar em várias áreas em que o Brasil tem pesquisas importantes, sobretudo porque o país tem direito a 30% do tempo de observação no telescópio Soar. Até agora, os astrônomos brasileiros dependiam de parcerias com grupos estrangeiros e tinham de adaptar seus estudos aos instrumentos disponíveis," disse Castilho.