Redação do Site Inovação Tecnológica - 31/05/2023
Erupções de água
Desde que a sonda Cassini visitou Saturno, ficamos sabendo que várias de suas luas emitem um spray de vapor de água.
Depois disso, o telescópio Hubble fotografou várias vezes essas plumas, compostas de partículas de gelo e moléculas orgânicas simples, sobretudo as que emergem do pólo sul da lua Encélado.
Agora, o telescópio James Webb constatou que essas plumas têm um alcance muito mais distante no espaço do que se imaginava.
As imagens mostram uma coluna de vapor d'água com mais de 9.600 quilômetros de comprimento, aproximadamente a distância entre os EUA e o Japão, ou entre as cidades de São Paulo e Los Angeles.
Isso é 20 vezes maior do que o diâmetro da pequena lua. Mas, como a água é expelida conforme a lua gira, forma-se uma "atmosfera" em seu entorno com cerca de 40 vezes seu diâmetro.
"Encélado é um dos objetos mais dinâmicos do Sistema Solar e é um alvo primordial na busca da humanidade por vida além da Terra," disse Christopher Glein, do Instituto de Pesquisas do Sudoeste (SWRI), nos EUA. "Nos anos desde que a sonda Cassini da NASA olhou pela primeira vez para Encélado, nunca deixamos de nos surpreender com o que descobrimos que está acontecendo nesta lua extraordinária."
Sinais de vida em Encélado
Durante sua missão de reconhecimento de 13 anos no sistema de Saturno, a sonda Cassini descobriu que Encélado tem um oceano subterrâneo de água líquida. Os instrumentos da própria sonda conseguiram analisar amostras dessas plumas. Em conjunto, o oceano de subsuperfície e esses "vulcões" de gelo mostram condições muito promissoras para a ocorrência de vida.
A sensibilidade do Webb revelou agora uma nova história sobre Encélado e como ela alimenta o abastecimento de água para todo o sistema de Saturno e seus anéis. Enquanto gira em torno do gigante gasoso a cada 33 horas, a lua arremessa água para o espaço, formando um halo de vapor, quase como um anel.
A pluma não é apenas enorme, mas a água se espalha pelo denso anel E de Saturno. Os dados do Webb indicam que cerca de 30% da água permanece no rastro da lua, enquanto os outros 70% escapam para abastecer o restante do sistema, eventualmente fazendo chover em Saturno.
Com estas novas informações, a equipe já planeja uma nova rodada de observações, desta vez mais dirigidas.
"Vamos procurar indicadores específicos de habitabilidade, como assinaturas orgânicas e peróxido de hidrogênio," disse Glein. "O peróxido de hidrogênio é particularmente interessante porque pode fornecer fontes muito mais potentes de energia metabólica do que identificamos anteriormente. A Cassini não nos deu uma resposta clara sobre a disponibilidade de oxidantes tão fortes em Encélado."