Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/02/2012
Cargas extremas
Só uma coisa tem impressionado mais os biólogos e os cientistas dos materiais do que a incrível resistência da seda das aranhas: a resistência das teias das aranhas.
Todas as medições indicam que uma combinação de resistência e ductilidade extremas dão à seda das aranhas uma resistência à tensão superior à dos melhores aços.
Isso, obviamente, comparando os dois materiais com a mesma espessura, o que torna os fios de seda muito seguros para sustentar a aranha ou suas presas.
Mas não seria suficiente para explicar como as teias de aranha resistem a cargas extremas, como os ventos produzidos por tornados e furacões.
Uma equipe de pesquisadores da Itália e dos Estados Unidos acredita ter encontrado uma resposta para isso.
E, segundo eles, suas conclusões poderão ser úteis para ajudar os engenheiros civis a projetar estruturas mais robustas e mais resistentes às tempestades, terremotos e outros acidentes.
Integridade
Markus Buehler e seus colegas, que já haviam demonstrado uma inusitada conexão entre a música e uma teia de aranha, estabeleceram uma relação entre as propriedades em nanoescala da seda com a integridade em larga escala das teias de aranha.
A seda de aranha é feita de proteínas básicas, incluindo algumas que formam cristais planares muito finos, chamados folhas beta.
Quando o fio de seda é submetido a um estresse mecânico, essas folhas deslizam umas em relação às outras, suportando a carga. Se a carga for muito grande, as folhas beta chegam umas ao fim das outras, e o fio se rompe.
Mas a coisa é bem mais complicada quando se leva em conta não um fio isolado, mas a teia como um todo.
Sacrifício
Os pesquisadores descobriram que a rigidez da seda varia de uma forma não linear.
Enquanto, sob uma carga leve, todo o material responde uniformemente, quando a carga começa a aumentar a seda se torna mais rígida próximo à carga, mantendo sua estrutura flexível no restante da fibra.
Isto é essencial para a manutenção da integridade da teia porque o fio só se romperá no ponto onde a carga foi aplicada, mantendo sua total integridade ao longo do restante do seu comprimento.
Desta forma, a teia sacrifica uma pequena seção, que poderá ser rapidamente reparada pela aranha.
A sensibilidade da teia como um todo é mantida pela interconexão dos filamentos radiais e espirais, o que é essencial para que o animal detecte quando uma presa caiu na armadilha.
Mas esses filamentos desempenham papéis diferentes na atenuação do movimento. Assim, quando o estresse é particularmente elevado, algumas seções são sacrificadas, de forma que a teia inteira sobreviva.
Prédio e carros
Essa técnica de sacrificar pequenas porções do material é muito diferente do que ocorre em outros materiais biológicos, como os ossos, por exemplo, que distribui uniformemente a carga.
Os pesquisadores afirmam que essa técnica poderá ser adotada pelos engenheiros de várias especialidades.
Estruturas inteligentes assim poderão ser úteis para a construção de estruturas metálicas mais resistentes, para a construção de muros de proteção, prédios e até carros, que sejam capazes de dissipar melhor a carga ao longo da carroceria no caso de um impacto.