Com informações da Swissinfo - 04/02/2020
Torre de energia
A ideia de armazenar energia nas montanhas usando areia chamou muito a atenção por seu aspecto ambientalmente correto, mas talvez as coisas possam ser mais simples e mais versáteis, dispensando as montanhas.
O projeto do engenheiro Robert Piconi consiste em armazenar a energia içando blocos de concreto com corda e guindaste utilizando energia renovável, e depois baixá-los para gerar eletricidade.
Ele critica as soluções mais populares atualmente, baseadas em baterias, porque as baterias atuais não são ambientalmente corretas e seu rendimento degrada com o tempo de uso. "Começamos há dois anos a procurar uma solução," disse Piconi, que fundou uma empresa na Suíça, a Energy Vault, para colocar sua ideia em prática.
A solução consiste em uma gigantesca torre de blocos de concreto no melhor estilo Minecraft, com cada bloco pesando 35 toneladas. Um guindaste especial integrado centralmente, com seis braços, move as peças de baixo para cima usando energia renovável.
Durante o movimento descendente, causado pela força gravitacional, a energia armazenada é convertida de volta em energia elétrica, quase sem perdas. Um software especial controla automaticamente o processo de carga e descarga na torre.
O sistema assemelha-se assim ao princípio das usinas hidrelétricas reversíveis, que aproveitam a diferença de altura de duas bacias hidrográficas, uma tecnologia utilizada há muitas décadas. A água é bombeada para o nível mais alto quando há excedente de energia e as tarifas de eletricidade são baixas; quando o consumo é elevado, a água é drenada e a eletricidade produzida é vendida a tarifas mais elevadas. Trata-se da técnica mais popular: 96% da energia armazenada no mundo é guardada usando esse processo.
Protótipo
A grande vantagem do projeto de Piconi é que a torre de blocos pode ser construída em qualquer lugar.
Segundo os cálculos do engenheiro, uma torre de 120 metros de altura permite produzir até 35 MWh, o que supre a necessidade de duas a três mil residências por oito horas.
O protótipo, uma torre com 60 metros de altura nos arredores de Bellinzona, já está em vias de licenciamento. A construção irá permitir otimizar o software e os processos de movimentação dos blocos de concreto.
Se o teste for bem-sucedido, o conceito poderá ser lançado no mercado ainda em 2020, e potenciais clientes já estão na fila de espera, diz Piconi. Segundo ele, mais de 100 empresas anunciaram interesse e visitarão a fábrica piloto, incluindo a Tata, o maior grupo industrial da Índia.