Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/03/2018
Energia das ondas
Começou a ser testado, no litoral da Escócia, um novo sistema de geração de eletricidade renovável que aproveita a energia das ondas do mar.
O gerador, batizado de C3, aproveita todo o espectro de ondas, produzindo cinco vezes mais energia por tonelada que outros sistemas.
Conhecido na indústria de energia das ondas como um sistema do tipo "absorvedor pontual", o C3 consiste em uma boia, que absorve a energia das ondas, acoplada a um mecanismo que converte o movimento da boia em eletricidade.
Curiosamente, o mecanismo usa um princípio baseado nas pesquisas do cardiologista sueco Stig Lundback, algumas das quais lhe renderam patentes para a exploração de funções de bombeamento e controle similares às do coração humano.
Direção invertida
Para converter o movimento linear da boia - sobe e desce - em um movimento de rotação para o gerador de energia, o sistema usa uma caixa de engrenagem de cremalheira e pinhão que lembra o sistema de direção de um automóvel, só que ao contrário.
No carro, quando você gira o volante, no final da coluna de direção um pinhão - uma roda dentada - engrena-se a uma cremalheira alinhada com o eixo, movendo uma barra em um movimento horizontal de um lado para o outro, que empurra as rodas numa ou noutra direção. No sistema de conversão de ondas, é a cremalheira que é empurrada para cima e para baixo conforme a boia balança sobre as ondas. Esta ação então movimenta oito rodas de engrenagens pequenas ao longo da cremalheira.
Segundo o engenheiro Patrik Möller, um dos idealizadores do sistema, o segredo do projeto está na forma como os pinhões trabalham em conjunto com a engrenagem em unidades que flexionam autonomamente - é esse mecanismo que copia o funcionamento do coração. "Oito pinhões compartilham a força da cremalheira, que é distribuída uniformemente com a ajuda de um sistema patenteado que garante níveis extremos de robustez exigidos no severo ambiente operacional," disse ele.
Uma das vantagens é que o sistema consegue lidar tanto com forças elevadas quanto com alta velocidade, o que permite aproveitar todos os humores do mar.
Idealizado no Instituto Real de Tecnologia da Suécia, o projeto está passando para a fase piloto com a participação de sócios da indústria de Portugal, Escócia, Irlanda, Noruega, Suécia e Alemanha. O litoral da Escócia tem sido escolhido para a maioria dos testes com equipamentos de geração de eletricidade oceânica devido às grandes variações de maré e ondas que a região apresenta.