Com informações da New Scientist - 08/09/2011
Na onda da energia
Cercada de mares revoltos, a Grã-Bretanha está saindo na frente na busca de formas de extrair energia das ondas e das marés.
Um estudo recente prevê que, até 2050, a energia das ondas poderá render até 190 gigawatts de eletricidade - isto é nada menos do que 3 vezes toda a energia elétrica produzida hoje no Reino Unido.
Recentemente a Inglaterra criou o Wave Hub, a primeira infraestrutura do mundo para aproveitar a energia das ondas e das marés.
Com esse incentivo, mais de 100 empresas estão desenvolvendo novos dispositivos para coletar a energia dos mares.
Veja abaixo um levantamento das tecnologias mais promissoras que já estão em fase de implantação.
Ponto Absorvedor
Algumas vezes, os projetos mais simples são os melhores. O Ponto Absorvedor é uma boia flutuante que sobe e desce com cada onda que passa, convertendo o movimento mecânico em eletricidade.
Conforme a boia vai para cima e para baixo, o movimento é usado para bombear um fluido hidráulico em um cilindro fixo, que se encontra abaixo da superfície.
O fluido pressurizado faz girar um gerador dentro do dispositivo, gerando eletricidade, que é transferida para a praia através de linhas de transmissão submarinas.
A Ocean Power Technologies, de Pennington, está testando sua PowerBuoy - que mede 41 metros de altura e 11 metros de diâmetro - na Escócia.
Espera-se que ela produza 150 kilowatts de potência contínua.
O Atenuador
Atenuadores são longos dispositivos flutuantes posicionados perpendicularmente ao sentido das ondas, coletando energia da ponta à cauda.
Conforme as ondas passam ao longo do comprimento da máquina, seções individuais movimentam-se para cima e para baixo uma em relação à outra, criando um movimento mecânico que é convertido em eletricidade.
A Pelamis Wave Power, de Edimburgo, está atualmente testando a segunda geração do seu atenuador em escala comercial.
O dispositivo, conhecido como P2, tem 180 metros de comprimento, 4 metros de diâmetro, e produz 750 kW de eletricidade.
Os testes estão sendo feitos no Centro Europeu de Energia Marinha, perto de Orkney, na Escócia.
Conversor oscilante de onda
Em vez de balançar para cima e para baixo, os conversores oscilantes de onda movimentam-se para frente e para trás com cada onda que passa.
Os dispositivos consistem de enormes abas com dobradiças, presas ao fundo do mar em águas rasas.
Conforme as ondas passam, o dispositivo fecha a aba. É assim que funciona o Oyster 800, construído pelo Power Aquamarine, de Edimburgo.
Mas, em vez de gerar eletricidade no mar, o dispositivo usa o movimento mecânico para bombear água pressurizada para uma instalação em terra.
Lá, a água aciona uma turbina hidrelétrica, cuja localização em terra facilita sua manutenção.
A Aquamarine vai começar brevemente a testar sua hidroelétrica marinha em escala comercial.
O Oyster 800, um dispositivo de 800 kW, tem 26 metros de largura e 12 metros de altura.
Energia das ondas por rotação
Essa forma bastante incomum de explorar a energia das ondas transforma o movimento de vai e vem da água do mar em um movimento circular.
A energia rotacional das ondas usa um excêntrico - um peso com um eixo fora do centro - selado dentro de uma boia ou casco de navio, que gira ao movimento do mar.
A empresa finlandesa Wello vai começar em breve a testar o seu Penguin, um dispositivo rotacional de energia das ondas de 500 kW.
O Penguin tem um casco assimétrico, que faz com que ele se movimente, a cada onda que passa, de forma muito parecida com o passo empolado de um pinguim.
O movimento é usado para acelerar um peso de 95 toneladas, que gira dentro do casco e aciona um gerador elétrico para produzir eletricidade.
Coluna oscilante de água
As colunas oscilantes de água (OWCs: Oscillating Water Columns) aproveitam o sobe e desce das ondas que passam para comprimir grandes depósitos de ar, que acionam uma turbina para produzir eletricidade.
A máquina fica semi-submersa na superfície do oceano, com uma grande cavidade oca aberta ao mar abaixo da linha d'água.
As ondas que passam fazem o nível da água subir e descer no interior da cavidade, o que comprime e descomprime o ar aprisionado no interior da cavidade.
O ar flui para fora do dispositivo através de um respiradouro na superfície quando é comprimido, e volta através do orifício quando é descomprimido.
O ar em deslocamento gira uma turbina que produz eletricidade bidirecionalmente, independentemente do sentido do vento.
Como seu funcionamento é similar ao de um aerofólio, apenas projetado para funcionar na água, os engenheiros o chamam de hidrofólio.
Em julho deste ano, a Voith Hydro Wavegen, do Reino Unido concluiu a instalação de um OWC de 300 kW em Mutriku, na Espanha.
O dispositivo, que também atua como um quebra-mar, é o primeiro de seu tipo - um dispositivo de energia das ondas totalmente comercial que está conectado à rede e vendendo energia.
Dispositivo por queda
Esse dispositivo coleta energia das ondas fazendo com que a água caia de um ponto mais alto para um ponto mais baixo.
Conforme ondas mais altas se quebram nas laterais de um dispositivo de elevação, a água flui para um reservatório que temporariamente a mantém vários metros acima do nível do mar.
Essa água armazenada é então canalizada em um estreito vertedouro, girando uma turbina elétrica conforme flui de volta para o mar.
A empresa dinamarquesa Wave Dragon testou um dispositivo desses em pequena escala, capaz de produzir 20 kW de potência, entre 2003 e 2010.
Uma versão em larga escala poderá produzir 12 megawatts de eletricidade, mas vai exigir um enorme reservatório, com mais de 100 metros de diâmetro.
Está pronto o primeiro gerador movido pelas ondas do mar