Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/05/2021
Economia Azul
Conforme as empresas e governos movem-se rumo à ampliação da exploração econômica dos oceanos, especialistas se preocupam em que essa nova fronteira da economia possa se fazer de maneira menos agressiva e danosa do que nossa exploração da superfície sólida do planeta.
Ocorre que o futuro de um oceano global equitativo e sustentável - um conceito mais conhecido como Economia Azul - depende de mais do que recursos econômicos disponíveis para o avanço tecnológico e a expansão da indústria.
As condições socioeconômicas e de governança, como a estabilidade nacional, o combate à corrupção e o respeito aos direitos humanos, afetam muito a capacidade de alcançar uma Economia Azul, concluiu uma equipe multidisciplinar de especialistas, que acaba de ter suas conclusões publicadas pela revista Nature.
"Para todos os países, a pergunta mais importante que precisamos fazer é: Como vamos ter certeza de que desenvolveremos esses recursos de uma forma que realmente beneficie as comunidades locais? Caso contrário, voltaremos ao modelo de negócio normal, onde apenas alguns se beneficiam dos recursos do oceano. É isso que a Economia Azul está tentando mudar," disse Montemayor.
Abordagens à economia do mar
Para tentar identificar as áreas de investimento e pesquisa necessárias para desenvolver os recursos oceânicos de uma maneira que seja consistente com o etos da Economia Azul - socialmente equitativo, ambientalmente sustentável e economicamente viável - , a equipe atribuiu pontuações a diferentes critérios que estão sendo adotados em cinco regiões globais (África, Américas, Ásia, Europa e Oceania) quando o assunto é exploração oceânica.
Esses critérios incluíram: Infraestrutura, investimento, equidade econômica e de grupo, igualdade de gênero, direitos humanos, biodiversidade, habitat, qualidade da água, corrupção e estabilidade nacional.
"Nós descobrimos que existem diferenças consideráveis entre as regiões, com algumas focadas principalmente em recursos, enquanto outras estão realmente tentando garantir que o desenvolvimento atenda aos objetivos sociais e culturais locais," disse Andrés Montemayor, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.
Economia com benefícios para todos
Como os recursos naturais são desigualmente distribuídos pelos oceanos, muitas áreas não serão capazes de garantir a sobrevivência de vários setores de forma competitiva.
Isto significa que é importante escolher e administrar com cuidado os setores a serem implementados em cada região, uma vez que o desenvolvimento de setores como ecoturismo, pesca, maricultura ou outros pode ser importante em escalas locais, mas pode não ser ecologicamente sustentável ou socialmente desejável em escalas maiores.
Os planos de desenvolvimento baseados no oceano para a Ásia e a Europa, por exemplo, priorizam a maricultura e o turismo, mas também setores como transporte marítimo, construção de portos e projetos de energia oceânica em grande escala, que têm potencial de crescimento econômico. Contudo, os benefícios para as comunidades locais são muito menos claros.
A Oceania, por outro lado, priorizou objetivos comunitários, usos tradicionais de recursos e setores emergentes que podem ser desenvolvidos de acordo com as metas locais. Em outras palavras, mais foco no desenvolvimento e transformação de suas economias oceânicas para promover a equidade e a sustentabilidade.
"A história nos ensinou que ter recursos naturais abundantes não necessariamente dá suporte ao desenvolvimento sustentável, e isso se aplica às economias oceânicas também", disse William Cheung, coautor do estudo. "Os investimentos global e local na Economia Azul precisam priorizar o aumento do conhecimento e sua acessibilidade, desenvolvendo uma governança apropriada e eficaz, melhorando a equidade social e reduzindo os riscos para o oceano, como a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas."