Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/12/2019
Velas de luz
Para tirar fotos de planetas fora do nosso Sistema Solar, alguns pesquisadores estão propondo o uso de uma frota de naves impulsionadas por "velas de luz", versões das velas solares impulsionadas por poderosos lasers disparados a partir da Terra.
O projeto Starshot, por exemplo, que se baseia nesse conceito para fazer a primeira viagem interestelar até Alfa Centauro, já está em andamento.
Mas existem muitos desafios técnicos a serem vencidos antes que suas naves em miniatura saiam da Terra em direção ao espaço profundo.
A boa notícia é que um dos maiores dentre esses desafios, senão o maior, acaba de ser solucionado por um trio de pesquisadores do Instituto Rochester de Tecnologia, nos EUA.
Redes de difração
Ying-Ju Chu e seus colegas descobriram como alinhar as velas solares para que elas não saiam do foco do laser e possam continuar sua viagem sem interrupções.
E a solução é particularmente interessante porque se trata de um mecanismo para que as próprias velas solares mantenham um sistema de autoalinhamento, simplificando o sistema de lasers na Terra.
Em vez de usar espelhos ou materiais reflexivos, como nas velas solares tradicionais, Chu projetou uma arquitetura baseada em redes de difração - a difração é o redirecionamento, ou espalhamento, da onda quando ela encontra um obstáculo -, uma tecnologia óptica que vem sendo largamente explorada, de vídeos 3D holográficos até óptica para satélites artificiais.
As ranhuras, ou grades, que compõem a rede de difração, desviam o raio laser de entrada em ângulo, criando uma força lateral que mantém a vela alinhada com o centro do feixe de luz.
Velas solares com autoalinhamento
Os protótipos têm cerca de um centímetro de largura consistindo de duas grades de difração lado a lado. Cada grade é composta por cristais líquidos nemáticos contidos em uma folha de plástico e dispostos em um padrão periódico - o padrão no lado esquerdo desvia a luz para a direita, enquanto o padrão do lado direito desvia a luz para a esquerda.
Os pesquisadores colocaram a vela em um aparelho de medição de força muito sensível e apontaram um feixe de laser para o centro da vela. Qualquer mudança para a esquerda ou para a direita da vela resultou em uma força de centralização na escala de nanonewtons, que efetivamente moveu a vela de volta ao alinhamento com o feixe.
Será necessário investir em testes em condições realísticas, mas a equipe acredita que sua tecnologia de vela solar autocentrante possa guiar sondas espaciais para estrelas distantes ou para alvos mais próximos em nosso próprio Sistema Solar.