Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/05/2009
Um material que é milhares de vezes mais pesado do que a água e com uma densidade maior do que a do núcleo do Sol está sendo visto como a base para um novo processo de geração de energia que é mais sustentável e menos agressivo ao meio ambiente do que as usinas atômicas usadas hoje e mesmo daquelas apenas projetadas para o futuro.
O novo material está sendo chamado de deutério ultradenso, uma variação do isótopo do hidrogênio. Ele é tão pesado que um cubo de 10 centímetros de lado feito com ele pesaria 130 toneladas. Os cientistas acreditam que esse material esteja presente na formação das estrelas e no núcleo de planetas gigantes, como Júpiter.
Fusão nuclear a laser
Por enquanto, os pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, conseguiram produzir apenas quantidades microscópicas do deutério ultradenso, mas o suficiente para demonstrar que a distância entre os seus átomos é maior do que na matéria comum.
"O deutério ultradenso pode ser um combustível muito eficiente na fusão nuclear a laser. É possível fazer a fusão entre núcleos de deutério usando lasers de alta potência, liberando enormes quantidades de energia", disse Leif Holmlid, um dos participantes da pesquisa.
As novas tecnologias de fusão nuclear a laser têm sido testadas em deutério congelado, ou "gelo de deutério, mas os resultados não têm sido animadores. A maior dificuldade é comprimir o gelo de deutério o suficiente para atingir a alta temperatura necessária para iniciar o processo de fusão.
Deutério ultradenso
O deutério comum, também chamado de hidrogênio pesado, é encontrado em grandes quantidades na água e vem sendo usado em reatores nucleares convencionais na forma de água pesada (D2O). Ele é a fonte para a produção do novo tipo de deutério.
O deutério ultradenso é 1 milhão de vezes mais denso do que o deutério congelado, o que tornaria mais fácil criar uma reação de fusão nuclear por meio de pulsos de laser de alta potência.
"Se pudermos produzir grandes quantidades de deutério ultradenso, o processo de fusão poderá se tornar a fonte de energia do futuro. E isto poderá estar disponível muito mais cedo do que se pensa", disse Holmlid.
Energia nuclear sem radioatividade
O cientista estima ser possível, em alguns anos, modelar a fusão do deutério ultradenso de modo que a reação produza apenas hélio e hidrogênio, elementos que não oferecem riscos ao ambiente.
"Com isso, não seria preciso lidar com o altamente radioativo trítio [isótopo do hidrogênio com dois nêutrons e um próton], que se planeja usar nos reatores de fusão nuclear de próxima geração. E isso significa que a fusão nuclear a laser, como nós a vislumbramos, seria uma alternativa mais sustentável e menos danosa ao ambiente do que outras tecnologias atualmente em desenvolvimento", afirmou.