Inês Costal - Inova Unicamp - 21/08/2011
Ciência sem inovação
Mesmo com o crescente estímulo à inovação, o descompasso entre a produção científica brasileira e o de registro de patentes ainda é grande.
O Brasil ocupa hoje a 13º posição com a publicação de 26 mil artigos publicados em 2008. Entretanto, o número de patentes, no mesmo período para os residentes no Brasil foi de 529.
Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação disponíveis no relatório Unesco sobre Ciência 2010 indicam que a maioria das atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é realizada por instituições acadêmicas.
Longe da indústria
Na publicação, o capítulo sobre o Brasil destaca também que a maioria dos pesquisadores do país ocupa cargos acadêmicos em tempo integral e estão afastados da indústria.
Um dos resultados é o baixo número de patentes oriundas da indústria no país e as relações frágeis entre as ICTs (Instituições de Ciência e Tecnologia) e o setor privado.
No relatório, os pesquisadores Carlos Henrique Brito e Hernan Chaimovich comparam o número de patentes de utilidades de produtos brasileiros obtidas pelo Escritório de Patentes e Marcas Registradas dos Estados Unidos (USPTO) em 2009, um total de 103, com os indicadores de outros países.
O número, além de ser pequeno para o tamanho da economia brasileira, é muito inferior ao obtido por países como a Índia, 679 patentes no mesmo período.
Abraço
Brito afirma ainda que as instituições acadêmicas abraçaram a ideia de proteger sua propriedade intelectual e estão buscando oportunidades de gerar negócios a partir dela. "E os esforços da indústria em gerar propriedade intelectual continuam pouco efetivos", considera.
Um dos fatores apontados pelos pesquisadores é a pouca ousadia nas ações das indústrias brasileiras em P&D.
Segundo dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), entre 2000 e 2005, os três maiores detentores de patentes nacionais são instituições acadêmicas: a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).