Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/10/2021
Exoplaneta extragaláctico
Astrônomos anunciaram o que eles acreditam ser a primeira detecção de um exoplaneta extragaláctico - um planeta que orbita uma estrela fora da Via Láctea.
O possível exoplaneta foi detectado pelo telescópio espacial Chandra na galáxia espiral Messier 51 (M51), também conhecida como Galáxia do Redemoinho devido à sua aparência muito peculiar.
Todos os exoplanetas conhecidos foram descobertos na Via Láctea, quase todos a menos de 3.000 anos-luz da Terra. O exoplaneta na Galáxia do Redemoinho estaria a cerca de 28 milhões de anos-luz de distância, milhares de vezes mais distante.
Se a descoberta for confirmada, isso significa que a tecnologia atual pode ser capaz de localizar exoplanetas muito mais longe do que se acreditava até agora, bastando observar as estrelas em outros comprimentos de onda que não a luz visível.
"Estamos tentando abrir uma nova arena para encontrar outros mundos, procurando por candidatos a planetas em comprimentos de onda de raios X, uma estratégia que torna possível descobri-los em outras galáxias," contou a astrônoma Rosanne Di Stefano, do Centro Harvard-Smithsoniano de Astrofísica, nos EUA.
Primeiro exoplaneta fora da galáxia
A descoberta foi baseada na conhecida técnica do trânsito planetário, eventos nos quais a passagem do planeta em frente à estrela bloqueia uma diminuta parte de sua luz por um período bastante curto.
Há anos, os astrônomos vêm usando telescópios terrestres e espaciais para procurar por essas quedas de brilho na luz visível.
Em vez disso, Di Stefano e seus colegas procuraram por quedas no brilho dos raios X recebidos de sistemas binários. Esses sistemas duplos normalmente têm uma estrela de nêutrons ou um buraco negro puxando gás de uma estrela companheira. O material próximo à estrela de nêutrons ou buraco negro torna-se superaquecido e emite raios X.
Como a região que produz os raios X é pequena, um planeta que passar na frente dela pode bloquear a maioria ou todos os raios X, tornando o trânsito mais fácil de localizar porque os raios X podem desaparecer completamente. Isso pode permitir que exoplanetas sejam detectados em distâncias muito maiores do que os atuais estudos ópticos de trânsito de luz, que devem ser capazes de detectar diminuições minúsculas na luz porque o planeta bloqueia apenas uma pequena fração da estrela.
O exoplaneta extragaláctico foi localizado no sistema binário chamado M51-ULS-1, onde um buraco negro ou uma estrela de nêutrons orbita uma estrela companheira, esta com uma massa cerca de 20 vezes a do Sol.
O trânsito de raios X que a equipe detectou durou cerca de três horas, durante as quais a emissão de raios X caiu para zero. Os pesquisadores estimam que o candidato a exoplaneta em M51-ULS-1 seria aproximadamente do tamanho de Saturno e orbitaria a estrela de nêutrons ou buraco negro a cerca de duas vezes a distância de Saturno do Sol.
70 anos para confirmar
Embora seja uma descoberta entusiasmante, passar o eventual corpo celeste de "candidato a exoplaneta" para "exoplaneta confirmado" exigirá mais observações. O problema é que a grande órbita do candidato a planeta significa que ele não vai cruzar na frente de seu parceiro binário de novo pelos próximos 70 anos, frustrando quaisquer tentativas de uma observação de confirmação por décadas.
"Infelizmente, para confirmar que estamos vendo um planeta, provavelmente teríamos que esperar décadas para ver outro trânsito," disse Nia Imara, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. "E, por causa das incertezas sobre quanto tempo ele leva para orbitar, não saberíamos exatamente quando olhar."