Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/02/2022
Estrelas cobertas de cinzas
Uma equipe de astrônomos alemães descobriu um novo tipo estranho de estrela: Ela é coberta pela "fuligem" da queima do elemento hélio.
Enquanto as estrelas normais têm superfícies compostas de hidrogênio e hélio, as estrelas agora descobertas têm suas superfícies cobertas de carbono e oxigênio, as cinzas do hélio queimando - uma composição exótica e inesperada para uma estrela.
A situação se tornou ainda mais intrigante quando os astrônomos mediram a temperatura e o tamanho das novas estrelas, que indicam que elas ainda estão queimando hélio em seus núcleos - essa é uma característica tipicamente observada em estrelas muito mais velhas do que as observadas por Klaus Werner e seus colegas da Universidade de Tunbingen.
"Normalmente, esperamos que estrelas com essas composições de superfície já tenham terminado de queimar hélio em seus núcleos e estejam a caminho de se tornarem anãs brancas. Estas novas estrelas são um grande desafio para nossa compreensão da evolução estelar," disse Werner.
Tipo raro de fusão de estrelas
Os dados da equipe alemã foram compartilhados e analisados por uma segunda equipe de astrônomos da Universidade de La Plata, na Argentina, e do Instituto Max Planck de Astrofísica, na Alemanha.
Miller Bertolami e seus colegas acreditam ter encontrado uma possível explicação para a formação de estrelas tão exóticas.
"Acreditamos que as estrelas descobertas por nossos colegas alemães podem ter-se formado em um tipo muito raro de evento de fusão estelar entre duas estrelas anãs brancas," propõe Bertolami.
As anãs brancas são os restos de estrelas maiores que esgotaram seu combustível nuclear e são tipicamente muito pequenas e densas. Sabe-se que fusões estelares acontecem entre anãs brancas em alguns sistemas binários devido ao encolhimento da órbita, causado pela emissão de ondas gravitacionais.
"Normalmente, as fusões de anãs brancas não levam à formação de estrelas enriquecidas em carbono e oxigênio, mas acreditamos que, para sistemas binários formados com massas muito específicas, uma anã branca rica em carbono e oxigênio pode ser destroçada e acabar em cima de uma outra rica em hélio, levando à formação dessas estrelas," detalhou Bertolami.
No entanto, nenhum modelo evolutivo estelar atual consegue explicar completamente as estrelas recém-descobertas. Até que os astrônomos desenvolvam modelos mais refinados para a evolução das estrelas binárias, a origem das estrelas cobertas de cinzas de hélio continuará objetos de debate.