Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/04/2024
Buraco negro estelar
Astrônomos identificaram o buraco negro de origem estelar mais massivo já descoberto até hoje na Via Láctea - buracos negros estelares são diferentes dos buracos negros supermassivos que residem no centro das galáxias, como o Sagitário A*, que fica no centro da nossa galáxia.
A massa deste buraco negro é 33 vezes superior à do Sol - o buraco negro estelar mais massivo que conhecíamos até agora na nossa galáxia, chamado Cygnus X-1, tem apenas 21 massas solares.
Ele foi localizado nos dados do telescópio espacial GAIA, da ESA (Agência Espacial Europeia) graças a um movimento de "oscilação" estranho que este objeto impõe à estrela companheira que o orbita. Ele foi batizado de Gaia BH3.
Curiosamente, este buraco negro está extremamente próximo de nós, a apenas 2.000 anos-luz de distância, na constelação da Águia, sendo o segundo buraco negro mais próximo da Terra que conhecemos. "Ninguém estava à espera de encontrar um buraco negro de grande massa nas proximidades do Sol, que não tivesse sido ainda detectado," disse Pasquale Panuzzo, do Observatório de Paris. "Este é o tipo de descoberta que se faz uma vez na vida".
É importante ressaltar que este não é o buraco negro mais massivo existente na nossa galáxia - esse título pertence ao Sagitário A*, o buraco negro supermassivo situado no centro da Via Láctea, que tem cerca de quatro milhões de vezes a massa do Sol. No entanto, Gaia BH3 é o buraco negro de maior massa conhecido na Via Láctea que se formou a partir do colapso de uma estrela.
Estrelas pobres em metais
Os astrônomos já tinham encontrado buracos negros igualmente massivos fora da nossa galáxia utilizando um método de detecção diferente, tendo teorizado que estes objetos podem ser formados a partir do colapso de estrelas cuja composição química apresente pouquíssimos elementos mais pesados do que o hidrogênio e o hélio. Acredita-se que essas estrelas, pobres em metais, perdem menos massa ao longo da sua vida e, portanto, possuem mais matéria, o que dará origem, após a sua morte, a buracos negros de elevada massa. No entanto, e até agora, não existiam provas que ligassem diretamente estrelas pobres em metais a buracos negros de grande massa.
As estrelas em pares tendem a ter composições químicas semelhantes, o que significa que a companheira de BH3 contém pistas importantes sobre a estrela que colapsou e formou este buraco negro tão grande. Os dados mostraram que a companheira é uma estrela muito pobre em metais, o que sugere que a estrela que colapsou para formar o BH3 seria igualmente pobre em metais - tal como previsto pela teoria.
Outras observações deste sistema poderão revelar mais sobre a sua história e sobre o próprio buraco negro. O instrumento GRAVITY, montado no Interferômetro do VLT do ESO, poderá ajudar a compreender melhor este objeto, investigando, por exemplo, se este buraco negro está atraindo matéria da sua vizinhança.