Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/11/2023
Planeta grande demais
A descoberta de um planeta que é grande demais para a sua estrela está pondo em questão o que se entende hoje sobre a formação das estrelas, dos planetas e dos sistemas solares.
O planeta tem mais de 13 vezes a massa da Terra, e orbita a estrela ultrafria chamada LHS 3154, que por sua vez é nove vezes menos massiva do que o Sol. Assim, a proporção de massa do planeta com sua estrela é mais de 100 vezes maior que a da Terra e do Sol.
Isto vai contra o que as teorias atuais preveem para a formação de planetas em torno de estrelas pequenas e marca a primeira vez que um planeta com massa tão elevada foi visto orbitando uma estrela de massa tão baixa - catalogada como uma "estrela anã", ela pertence à classe das estrelas menos massivas e mais frias do Universo.
"Esta descoberta mostra o quão pouco realmente sabemos sobre o Universo," disse Suvrath Mahadevan, da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA. "Não esperaríamos que existisse um planeta tão pesado em torno de uma estrela de massa tão baixa."
Os pesquisadores avistaram o planeta, chamado LHS 3154b, usando um espectrógrafo astronômico chamado Caçador de Planetas na Zona Habitável (HPF: Habitable Zone Planet Finder), projetado para detectar planetas orbitando as estrelas mais frias fora do nosso Sistema Solar com potencial para ter água líquida - um ingrediente chave para a vida - em suas superfícies.
Embora tais planetas sejam muito difíceis de detectar em torno de estrelas como o nosso Sol, a baixa temperatura das estrelas ultrafrias significa que os planetas capazes de ter água líquida na sua superfície estão muito mais próximos da sua estrela em relação à Terra e ao Sol. Esta distância mais curta, combinada com a baixa massa das estrelas ultrafrias, resulta em um sinal que anuncia a presença do planeta mais detectável.
Questionamentos sobre as teorias
O enorme planeta descoberto orbitando a estrela LHS 3154 questiona as teorias porque seu pesado núcleo planetário exigiria uma quantidade maior de material sólido no disco de formação planetária do que os modelos atuais poderiam prever - esses discos protoplanetários são formados pelo material que resta após a formação da estrela.
A descoberta também levanta questões sobre a compreensão anterior da formação das estrelas, uma vez que a relação poeira-massa e poeira-gás do disco que rodeia estrelas como a LHS 3154 - quando eram jovens e recém-formadas - precisaria ser 10 vezes maior do que o observado para formar um planeta tão massivo quanto aquele que a equipe descobriu.